Capítulo 3

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Hoseok sentou-se no sofá diante de uma pilha de livros espalhados sobre a mesa de café, com o bloco de notas no colo. Ele estava pesquisando sobre escravidão sexual, fetiches envolvendo dor, jogo de poder e as razões por que essas coisas excitavam as pessoas. Ao ler detalhes, ele mesma sentiu isso. E se imaginou em vários ambientes: sendo amarrado, levando uns tapas e até mesmo sendo açoitado com chicote.

Ele poderia pôr a culpa na pulsação que sentia entre as coxas. Se quisesse mentir para si mesmo. A verdade era que os parceiros que imaginara fazendo isso não eram destituídos de rosto. Min Yoongi estivera em cada um daqueles cenários com ele, as mãos dele, suas ordens. Hoseok suspirou, pegou o chá e tomou um gole. Sentiu vontade, de novo. A bebida quente acalmava sua garganta, mas o resto do corpo estava tão tenso quanto um fio estendido.

Fazia três dias que falara com o Min e ele ainda não havia dado notícias. Hoseok ficava imaginando se isso fazia parte da demonstração de que ele estava no comando ou se, simplesmente, andava ocupado demais. De qualquer forma, não estava gostando. Não lhe agradava que estivesse alimentando o comportamento dominante.

Ele sabia que estava gastando muito tempo para dissecar a questão. Mas não conseguia evitar isso. Afinal, não era um  passivo submisso qualquer, que ia se derreter aos pés dele, disposto a fazer tudo que aquele homem pedisse. Que ficaria sentado ao lado do telefone, como uma cadelinha, esperando que ele ligasse. Então por que estava fazendo exatamente isso?

Saíra com muitos homens e nunca estivera nesse grupo pessoas. Não precisava esperar por ninguém. Um homem de mente aberta, como ele sempre fora, tinha sexo em abundância. E não tardava a dar claros sinais a um homem por quem se interessasse. Eles não pareciam sentir nenhuma necessidade de fazer aqueles jogos que eram comuns com outras pessoas.

Hoseok se mantinha suficientemente distante para que seus eventuais parceiros jamais achassem que realmente o possuíam. E, de fato, nenhum deles jamais o teve mesmo. Ele também não jogava aquele tipo de jogo. Mas Yoongi havia conseguido prendê-lo de um jeito tão estranho que não conseguia entender...

Deixando de lado sua caneca de chá, ele pegou um dos livros e começou a folheá-lo, tentando se concentrar em sua tarefa. Estava procurando uma explicação mais profunda sobre a psicologia e a química do subespaço: aquele estado semelhante ao transe em que muitos submissos entram durante o jogo da escravidão sexual e do sadomasoquismo.

Entendia o processo químico, como as endorfinas eram liberadas no corpo em resposta à dor ou à estimulação sexual, mas não tinha clareza sobre a parte mental e emocional do processo. Por que algumas pessoas reagiam a certas coisas e outras não? Ele leu diversas vezes que alguns submissos podiam começar a descer para o subespaço simplesmente por serem obrigados, comandados. Mesmo sem que houvesse nada além da voz do dominante.

O suave e consistente tom de voz de Yoongi ecoava em sua mente, percorrendo sua pele como uma débil corrente elétrica. Era como se pudesse sentir a sutil vibração do tom. Hoseok apertou as coxas ao sentir uma dor súbita ali. Tudo bem. Talvez ele pudesse compreender aquela parte. Ele oltou ao livro, pousando o olhar sobre a fotografia de um homem preso com cordas, algo semelhante a um complexo arreio.

Mas não foram as cordas que chamaram sua atenção ou a carne fresca do homem ajoelhado e nu, sem nada além das cordas. Foram as mãos de outro homem que estava fora do alcance da câmera e a maneira como ele acariciava o rosto do moço. O gesto parecia terno. Hoseok gostou do contraste, da possibilidade de ter sido a mão daquele homem que o amarrara e agora tinha total controle sobre o moço.

Ele sentiu seu corpo arder de desejo. Uma pequena parte dele queria ser aquele homem. Se o dominante fosse Min Yoongi.

Hoseok fechou o livro abruptamente e saltou do sofá. Ridículo! Ele era um homem forte. Independente. Tinha mesmo sentido um desejo profundo por Yoongi, mas só porque estava receptivo à estimulação. E isso se devia simplesmente ao fato de sentar-se ali e deixá-lo fazer coisas para si.

LUXÚRIA (Sope/Yoonseok)Onde histórias criam vida. Descubra agora