Advento - Os 24 Encontros • Charles Leclerc & Sofie Vettel

20 - Pé na estrada

•China•
Circuito de Shangai
4/24 ✔️

Leclerc

Era fim de tarde em Shangai, dizem que a noite a cidade fica linda... Então o que melhor que um passeio noturno?

Eu e Sofi tínhamos nos visto de manhã no café. Já era quinta-feira, e eu tinha passado o dia no paddock gravando para a escuderia. Ela tinha ficado no hotel com o pai. Mandei mensagem durante a tarde avisando para que me encontrasse na frente do local as 7 em ponto.

Quando parei o carro na porta, ela estava lá como o combinado. Abaixei o vidro.

- É aqui que uma princesa precisa de uma carruagem? - Disse com humor.

- Pare de ser brega Leclerc! Mas eu aceito a carona. - Ela veio até o carro e entrou. - O que vamos fazer hoje?

- Realizar seu sonho bobo da infância...

- Mas eu já desmaiei uma vez, foi legal... mas foi o bastante, acredite!

- Não, esse. Idiota! Esse aqui. - Ergui o volume do rádio no máximo, e tocava 3 nights.

- Pare!!!! - Ela abriu a boca chocada. - Não acredito! Vamos sair sem rumo e gritando? - Ela perguntou já realizando o fato.

Eu apenas sorri e fiz sim com a cabeça. Então dei partida no carro cantando. Ela me encarou por alguns segundos, sorrindo. E logo me acompanhou.

A primeira música acabou.

- Agora sua vez, uma vez de cada! - Propus.

- Ok! - Ela pegou o celular e colocou Only Girl, da Rihanna. - Eu entendi, eu falei que te mostrar minha playlist era algo íntimo, então você fez de propósito, não foi? - Ela disse gritando.

Dei de ombros, e ela riu. Seguimos cantando, ou melhor gritando... Pois hoje não era um dia de conversar, e sim de cantar.

Quando chegou a minha vez novamente eu coloquei Baby Said. Do Maneskim.

- Eu adoro essa! - falou animada.
Começamos a cantar as primeiras frases e na hora que a música falava "She puts her hand on my lips, begging
"Please, end this conversation""
Ela colocou o dedo nos meus lábios e fez uma cara engraçada. Àquilo me deu um frio na barriga, talvez fosse hoje o dia que ela iria me dar o tão aguardado beijo.

Colocamos várias músicas, e rimos com a desafinação de cada um.

Realmente estava dirigindo sem rumo, então subimos uma espécie de moro. Vimos um espaço e parei em uma área onde dava pra ver todas as luzes dos prédios. Era a vez dela colocar a música. Pelo toque do piano identifiquei ser Vienna, do Billy Joel. Ela olhava para frente, séria. Então baixinho começou a cantar.

- Slow down you crazy child
You're so ambitious for a juvenile,
But then if you're so smart tell me
Why are you still so afraid?

Olhei para ela e ela parecia serena, a voz dela acompanhava a a melodia. Então Sofi olhou para mim.

- Era a música que minha mãe cantava para mim... Ela disse que quando ficasse melhor, iríamos visitar Vienna. Nós nunca chegamos a ir... - Confessou, e pude sentir sua tristeza no olhar.

Eu ficava feliz quando ela dizia coisas do tipo do nada. Ela estava se abrindo, contando coisas íntimas sobre ela, ou seja, ela confiava em mim.

Sofie voltou a olhar para frente, e cantar baixinho.

- Slow down you're doing fine
You can't be everything you want to be before your time. - Começei a cantar junto, eu a encarava descaradamente.

- Although it's so romantic on the borderline tonight. - Ela cantou retribuindo, me olhando no olho, era profundo, era como ver a alma de alguém, então ela riu lindamente quando eu repeti o Tonight, fora de afinação.

Continuamos a cantar, conectados, olho no olho. Foi um momento íntimo e verdadeiro. Naquele momento eu entendi o que ela falou sobre os olhares profundos no Japão.

- Turu tu tu! - Ela imitou a melodia do piano. - Vienna waits for you...

A música acabou, ela suspirou, e eu também, houve alguns segundos de silêncio. Não quebramos o contato.

- Eu sei tocar essa no piano... - quebrei o silêncio.

- Um dia quero ouvir. - Falou sorrindo.

Houve uma pausa.

- Justin Bieber? - Perguntei.

- Só se for baby! - Ela falou a animada. Parecia que tínhamos guardado o momento em uma caixinha. E voltado ao normal.

Dei partida no carro novamente, pois aquela vista, e aquele momento que tivemos teria apenas uma trilha sonora.

Horas depois, tínhamos ouvido todas as músicas possíveis, então voltamos para o hotel, e fui deixá-la na porta de seu quarto.

- Obrigado! - Disse a garota ao chegarmos.

- Pelo quê?

- Por estar me proporcionando criar essas memórias... fazer coisas simples que eu nunca fiz, mas que no fundo eu sempre desejei. Por me fazer sentir viva. Depois de tanto tempo no automático. - Ela despejou tudo em mim.

Suas palavras me deixaram feliz. Foi naquele momento que eu lembrei de uma frase de um livro que minha mãe lia pra mim na infância "Tu te tornas responsável, por tudo que tu cativas". Ela tinha contado as coisas mais íntimas dela para mim, eu tinha feito ela rir e gargalhar e visse-versa. Nós tínhamos uma ligação forte mesmo nos vendo com data marcada. Apartir daquele momento entendi que ela era a rosa que eu havia cativado. E eu o príncipe que ela cativou. E isso me deixava completo. Eu queria ser responsável por ela de alguma forma. Mesmo que fosse apenas para acompanhá-la nessa jornada louca de voltar a ser ela mesma, a viver sem preocupação.

- Eu acho que Miami vai ser muito... Interessante. - Ela falou me tirando dos meus pensamentos.

Então se aproximou de mim como no Japão, mas dessa vez me deu um beijo perto do canto da boca. Eu paralisei. Ela riu segurando minha mão.

- Boa noite Leclerc! - Ela soltou e fechou a porta antes que eu saísse do transe.

Nós ainda não tínhamos nos beijando, mas isso não era problema. Eu queria que partisse dela, quando ela estivesse confortável. Aquele já era o beijo mais difícil de conseguir da minha vida, mas eu tinha sensação que valeria a pena.

Fique ali por alguns segundos. Absorvendo o quanto eu gostava dela. Era impossível não se apaixonar por Sofie.

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Sofie está certa, Miami vai ser interessante...