DOIS🥰

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Acordo por volta das 5h da manhã com "Boy In Luv" gritando no meu ouvido. Não sei por que escolhi uma das minhas músicas favoritas como despertador, agora a odeio toda vez que ela me tira do sono pela manhã.

Odeio ter que acordar cedo, odeio ter que ir para a maldita escola, mas que escolha tenho? Se não for para a escola, meus pais tiram meu celular. Sério, odeio ser adolescente.

Graças a Deus estou no 3º ano do ensino médio. Depois de quase 17 anos sofrendo tendo que ir para a escola, fico "aliviada" que quando completar 18 anos vou sofrer na faculdade e no trabalho. O pobre nunca tem paz mesmo, incrível, né?

Arrasto-me da cama, tomo um banho para despertar, visto uma calça skinny jeans, uma regata, um moletom e o meu fiel all star preto, absolutamente surrado. Tenho ele há 10 anos, nunca poderei me desfazer.

Não sou o tipo que usa maquiagem ou se esforça para parecer apresentável, é sério. A maioria das garotas da escola aparece com um rebocão completo às 7h da manhã, enquanto eu mal me importo em passar protetor solar e um hidratante labial. Foda-se, a única coisa em que consigo pensar é como mal posso esperar para a aula acabar, voltar para casa, me trancar no quarto e me alienar no meu próprio mundo.

Não me levem a mal, mas detesto estar cercada de pessoas, e odeio ter que socializar. A maioria dos jovens da minha idade estão preocupados em se embriagar, frequentar festas, beijar bocas desconhecidas, e se envolver com diferentes pessoas o tempo todo. Eu simplesmente não me encaixo nesse perfil.

Às vezes, me questiono se estou vivendo de forma errada por não me interessar por ninguém, por nunca ter experimentado álcool e por não estar preocupada em perder minha virgindade.
Há momentos em que sinto vontade de me aventurar e agir como as pessoas "normais" da minha idade, mas sabem de uma coisa? Eu simplesmente não ligo para nada disso.

Prefiro minha própria companhia, meus livros, minhas séries, minhas músicas e meus pensamentos. A pressão para se encaixar em um molde social pré-estabelecido simplesmente não me afeta. Talvez eu me sinta uma estranha em pleno 2024, mas isso não me incomoda. Prefiro seguir meu próprio caminho, mesmo que seja diferente do que a sociedade espera de mim. No final das contas, o que importa é que eu esteja em paz comigo mesma.

Arrumo minha cama com cuidado, abro as cortinas e a janela, deixando a luz do dia entrar no quarto. Arrumo minha bolsa, colocando as apostilas das aulas que terei hoje, e saio do quarto ansiosa para voltar logo. Desço as escadas em direção à cozinha, onde o cheiro de café fresco invade minhas narinas e me sinto enjoada. Odeio café.

"Bom dia, mãe," dou um beijo em sua bochecha. "Tchau, mãe," corro para a porta.

"Jenni, você está esquecendo o seu lanche, de novo?!" ouço minha mãe gritar enquanto fecho a porta e caminho em passos rápidos para a escola, que fica a 20 minutos da minha casa.

Coloco meus fones de ouvido e dou play na playlist do Spotify, escutando o grupo que tem sido meu favorito nos últimos 8 anos, BTS. Eles são como vinho, quanto mais velhos, melhores. Cada batida e letra ressoa em mim, trazendo conforto e familiaridade enquanto caminho em direção ao inferno.

Chego na escola e o burburinho dos alunos preenche o ar. Ignoro os olhares e me dirijo para minha sala de aula, onde encontro meu lugar habitual no canto. Retiro os fones de ouvido e guardo-os na mochila, preparando-me para mais um dia de aulas.

Minha amiga louca, Bruna, se junta a mim na carteira da frente com um sorriso radiante. Ela sempre traz uma energia contagiante para o ambiente, e eu agradeço por sua presença, mesmo nos dias em que estou mais fechada. Trocamos alguns cumprimentos enquanto aguardamos o início da primeira aula do dia.

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