𝟎𝟑.

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──⠀⠀⋆⠀🌅  São Paulo, capital

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──⠀⠀⋆⠀🌅  São Paulo, capital.
YNAÊ CLARICEminutos
depois do mesmo dia.


Agora eu encarava o teste mergulhado no copinho de xixi em cima da pia, de todas as formas, no fundo eu já sabia o resultado, mas olhar pra ele só me faria ter certeza do que eu tinha arrumado pra minha vida agora.

Eu deveria ter percebido antes. Mesmo assim, ainda é muito louco, cinco dias sem menstruar e o pior não é isso, é ter certeza que a cartela de anticoncepcional está regulada e eu não deixei de pular um dia sequer, falo isso porque a primeira coisa que fiz foi pegar a bendita cartela pra contar os comprimidos.

Quando vocês acharem que uma camisinha não faz diferença por tomar anticoncepcional, pensem duas vezes. Eu tinha que ter pensado naquele dia também.

Respirei, respirei e respirei mais uma vez. Quer saber? Se eu tenho certeza do que eu vou ver, por quê estou hesitando?

Talvez porque tudo vá mudar depois dos dois tracinhos positivos.

Que se foda, peguei a porra do teste e olhei de uma vez. Mesmo sabendo, ainda fiquei surpresa, foi um soco de realidade na pontinha de incredulidade que eu ainda tinha dentro de mim.

Há muito tempo atrás, eu jurei pra mim mesma que ia quebrar o ciclo, ciclo que eu via se repetir perto de mim o tempo todo, hoje, naquele banheiro, eu percebo que tudo o que fiz foi ser só mais uma dentro do ciclo. Estatística, simples assim.

Três batidas na porta, me assusto, meu coração congela porque não espero nenhuma visita nesse horário não, mas eu sei quem veio até aqui, porque ele sabe meu endereço, sabe de tudo sobre mim, e por Deus… eu não sei se tô preparada pra essa conversa, não agora..

── Abre a porta, Ynaê.  A gente precisa conversar! ── Precisamos e precisamos muito, Gustavo, mas não sobre o assunto que você acha que devemos. ── E no adianta fingir que no está em casa, eu sei que tá.

Jogo o copinho de xixi fora, como também fecho a porta do banheiro. Não vai ser hoje, sinto muito.

Abro a porta, mas eu não deixo ele entrar, ponho limite, não que faça diferença já que o camisa 15 é duas vezes, talvez? Que meu tamanho.

── Olha Gustavo… eu não tô bem, eu sei, você sabe, que podemos conversar em outra hora, só por favor…

── Espera, você estava chorando? Porra Clarice, o que aconteceu? Deixa eu entrar. ── Não queria encarar aqueles olhos, não queria ver ele.

Como eu ia contar que agora tô grávida? E que a família na qual ele tanto luta pra manter pode acabar de vez por minha culpa? É demais pra mim, sinto que falhei não só com Gustavo, mas com a esposa dele e principalmente os filhos, Pía e Lucca.

Ele quis passar, tentou. Mas eu ainda sim impedi.

── Não vem mais aqui, de verdade. O que a gente teve foi um erro, naquele dia eu não pensei, você também não, mas agora dá pra pensar e é melhor assim. ── Ele não me escutava, nem iria.

𝐌𝐀𝐊𝐓𝐔𝐁 ─ 𝐩𝐢𝐪𝐮𝐞𝐫𝐞𝐳.Onde histórias criam vida. Descubra agora