III

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??? POV. - Março 2022.

Um líquido vermelho e pegajoso manchava o branco da neve, assim como o corpo caído sujava a incrível vista da casa que ficava quase no centro de Tókio.

Olho para as minhas mãos, elas continham o mesmo líquido vermelho escorrendo entre os dedos. Mas aquele sangue nunca fora meu.

Uma poça de sangue se formava embaixo do cadáver, enquanto uma trilha vermelha listrava entre a sala de estar, dentro da casa, até o quintal, totalmente coberto de neve. O homem, agora morto na frente de meus pés, se arrastara para fora de casa na esperança de fugir, de chamar ajuda.

Coloco uma luva de borracha nas mãos, para não deixar digitais, e me aproximo do corpo. Tiro um estilete de meu bolso e lentamente faço as marcas tão temidas por toda aquela localidade: um corte profundo no pescoço, além de um corte na boca do corpo. Era uma coisa linda de se ver.

Assim que termino, entro dentro da casa, procurando alguma pia para me limpar. Retiro as luvas e lavo minhas mãos, deixando a água que escorria em um tom de vermelho. Infelizmente era só isso que eu podia fazer no momento, minhas vestes não tinham mais salvação. Minha calça não estava suja, mas a camisa estava.

Escuto passos vindo em minha direção, sons de um salto alto. Olho para trás, mas fixo meu olhar no chão, não querendo olhar para a pessoa a minha frente, pelo menos não no momento.

– Você já acabou? – Ela pergunta.

– Sim, acabei.

– Então vamos. Já acabei a minha parte também.

Pego as luvas em cima da pia, não poderia deixar uma pista tão óbvia para qualquer detetive ou investigador, e então, junto com a figura um pouco mais baixa que eu, nós saímos da casa e entramos no carro preto que nos pertencia.

Narrador POV - Março 2022.

Naquele dia, Haruko acordou com uma dor de cabeça quase insuportável. Sua visão parecia turva, escura, sem vida. Ele não sentia vontade nem de se levantar da cama, queria apenas passar o dia deitado assistindo algum filme de terror antigo.

O dia estava frio, e ele se enrola nas cobertas, fechando seus olhos novamente. Tudo estava embaçado, tudo estava confuso, ele apenas não queria olhar para as coisas desse jeito.

O que havia acontecido? Nem ele mesmo sabia. Talvez fosse apenas o estresse, o cansaço, a exaustão. Provavelmente era isso, na verdade. Pensou que estava doente por alguns instantes, mas não parecia ser uma gripe nem nada mais forte ou mais fraco. Se ele estava doente, provavelmente não era nesse sentido. As três garotas provavelmente teriam que seguir suas rotinas normais sem Haruko hoje, e ele se sentiu péssimo por isso.

Haruka, estranhando a demora de seu gêmeo para ir tomar café, subiu as escadas e percorreu o caminho até o seu quarto, batendo na porta quatro vezes. Haruko soube quem era de imediato. Quando eram crianças, haviam criado esse padrão de toques para identificar quem havia chegado, quem gostaria de entrar no quarto. Quando batiam quatro vezes, sabiam que eram eles, e não outra pessoa que pudesse os fazer algum mal.

– Pode entrar. – Haruko não se deu nem ao trabalho de abrir seus olhos.

Haruka abriu a porta do cômodo e entrou, vendo seu irmão ainda deitado na cama com a coberta cobrindo até metade de seu rosto.

– Você está bem? – Ela questiona.

– Eu não sei.

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⏰ Última atualização: May 25 ⏰

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The Twins, The Memories of The Past.Onde histórias criam vida. Descubra agora