O destino tem outros planos

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A jovem loba estava um tanto quanto nervosa naquela manhã de sexta-feira. O motivo que inquietava Enid era a visita da sua mãe. Esther não era muito de vir à escola, mas um surto do lobo de Enid na última lua cheia havia sido o estopim para Esther explodir.

— Eu não sei o que fazer, Yoko! — A loba confessou, pondo a mão sobre a marca que havia aparecido em seu braço na lua cheia e queimava sob as ataduras recém-trocadas.

— O que ela pode fazer? Isso já é um fato, ela terá que aceitar! — A vampira tentava a todo custo animar a amiga.

— Ela não vai! — A loba abaixou o olhar para o chão e continuou caminhando até sua aula de Biologia das Espécies.

No outro lado da escola, Wednesday estava sentada sobre uma escada que dava acesso a outro dormitório, o de Xavier especificamente. A gótica esperava inquieta o pintor enquanto rabiscava em sua caderneta.

Passos se aproximaram e Wednesday ergueu o olhar para Xavier, um degrau acima.

— Achei que você não viria, Wednesday! — O rapaz desceu mais dois degraus, ficando à frente da jovem Addams.

— Você me falou que teve um sonho estranho, e cá estou eu. Vamos lá, me mostre logo o que pintou! — Torpe acenou e esperou que Wednesday o seguisse pelo corredor, guiando-a até uma sala de artes.

O garoto abriu a porta e Wednesday entrou, logo sendo seguida por ele. A gótica olhou em volta e esperou Xavier mostrar o que tanto queria.

— Tive esse sonho noite passada, então decidi pintar! — Ele falou, caminhando até um cavalete e o descobrindo.

— Não sei como você vai reagir a isso, mas foi o que eu vi. — Ele virou a tela salpicada de várias cores, e o olhar de Wednesday foi logo em direção à figura no centro da tela.

— Essa é a Enid? — A primogênita dos Addams se aproximou, tocando a tela onde Enid estava jogada no chão e seus olhos estavam em um azul tão intenso que ela ficou surpresa do pintor ter conseguido retratar tal cor.

— Isso foi estranho. Sabemos sobre o surto de Enid na semana passada, mas isso aqui ainda não aconteceu. — Torpe disse, olhando para Wednesday.

— E como você sabe? — Ela perguntou, vasculhando a tela novamente.

— Porque em meu sonho eu vi outra pessoa, não sei quem, não consegui ver, só escutar uma voz. — O pintor fez uma pausa, tentando lembrar do que escutou.

— "Vamos te consertar!" — Disse o garoto.

— Isso prova que ainda vai acontecer, pois pelo que Enid falou, ela estava sozinha na floresta, não foi? — Wednesday acenou positivamente.

— Então, alguém quer machucar Enid, mas por quê? — Wednesday perguntou, não para Xavier, mas para si mesma.

— Achei que você gostaria de saber!

— A informação foi útil! — A gótica virou as costas, saindo da sala e deixando o garoto sozinho.

Enid estava sentada há vários minutos e sua vontade de sair da aula só aumentava. O professor estava explicando sua matéria e a única coisa que vinha à mente de Enid era sair dali.

— Algo de errado, Enid? — Divina perguntou, olhando para a garota lobo com preocupação.

— Só estou cansada, mas vou ficar bem! — Todos na escola já sabiam sobre o que havia ocorrido com Enid, principalmente os lobos que agora a cercavam quando ela passava, enchendo-a de perguntas.

O que Enid daria para isso não ter acontecido, pois sua mãe tinha outros planos para ela, planos que a loba sabia que agora não seriam possíveis.

— Professor, posso ir à enfermaria? — A loira perguntou, recebendo um aceno positivo do homem.

Enid caminhou rapidamente para fora da sala e, ao invés de ir à enfermaria, foi até o primeiro lugar onde não via ninguém. Ela se sentou embaixo da estátua de Edgar Allan Poe e pôs as mãos sobre o rosto, tentando parar as lágrimas que estava prendendo o dia todo.

A jovem loba queria que sua mãe sentisse orgulho dela, mas parecia que o destino nunca colaborava. Enid ser alfa significava que sua mãe nunca aprovaria suas decisões. Significava ficar sozinha, pois um lobo nunca ia querer uma alfa como companheira. Geralmente, 99% das vezes, os alfas eram machos.

Passos leves caminhavam pelo corredor e logo uma sombra se fez presente em frente à loira. A primogênita dos Addams a olhava.

— O que aconteceu? — Wednesday tentou suavizar a voz, pois Enid estava diferente, talvez mais sensível esses dias.

— Nada!

— Nada? — Wednesday questionou, cruzando os braços, e Enid limpou uma lágrima.

— Eu não quero falar sobre isso, ok! — A loba falou, meio cabisbaixa, o que deixou Wednesday um tanto quanto incomodada com a situação.

— Enid, eu não sou muito boa em consolar, você sabe. — Ela limpou a garganta, pensando no que falar, mas nada veio à sua mente.

— Droga! — Wednesday se sentou ao lado de Enid e ficou em silêncio. Wednesday não era boa com palavras, Enid sabia, mas estar lá significava que a gótica se importava com a loba.

Beijos da Torry 😘

Saudades de Nunca mais! Nova história.

So Is This Love?- WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora