Ligação.

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— Você está cansado, Hyunjin? – perguntou Felix, se aproximando do amigo com um pacote pequenino de bolacha. — Vem, come isso daqui.

— Tá cheio de açúcar. – fez careta, pescando uma bolachinha e colocando na boca.

— Disse o cara que come mel.

Os dois soltaram uma gargalhada, relaxando ao tempo em que a cafeteria estava vazia por causa da pausa. Felix foi uma das primeiras pessoas a se tornar seu amigo quando chegou à Los Angeles. Era um ômega engraçado e sem filtros, Felix não tinha papas na língua e era Hyunjin quem tinha que o segurar para não falar besteira para algum alfa mal educado – que merecia – na rua.

— E aí? – perguntou o ômega loiro, se escorrando na bancada que limpava. Era quase seis da tarde e Hyunjin terminava de arrumar suas coisas na mochila para ter duas longas aulas na faculdade.

— E aí o quê? – questionou ainda sem olhá-lo.

— Ah, Hyunjinnie, não vem bancar o doidinho. Você ficou um dia inteiro falando daquele policial gato lá, por quê não liga pra ele?

— Pra quê ? Ele é um homem ocupado. – resmungou.

— Mas olhe, pense comigo. – largou o pano amarelo e se aproximou do amigo, enrolando o dedo num fio de cabelo solto de Hyunjin. — Se ele te deu o cartão dele, você deveria se aproveitar. Ele deu livre árbitro.

— Não, Lixie! Não vou fazer isso, seria inconveniente da minha parte.

— Você é muito fresco!

— E você é atirado!

Os dois se olharam, e houve gargalhadas da parte deles. Eles gostavam daquela amizade, cheia de pérolas engraçadas e a maior parte por causa principalmente de Felix.

— Estou indo, até mais.

— Até logo, Hyunjinnie.

Hyunjin saiu da cafeteria e foi caminhando até ao ponto de ônibus. Não via a hora de ser fim-de-semana outra vez, se sentia extremamente cansado e isso era resultado de tanto esforço todos os dias para ter seu ganha pão. Vestia uma simples pantalona jeans e um moletom cinza que cobria sua bunda, e era assim que se vestia todos os dias. Mal se lembra de contar quantas vezes teve que suportar "elogios" com duplo sentido, ou algum comentário sobre seu corpo. Via alfas como porcos, por isso nunca havia se aproximado de nenhum.

Chegou à faculdade na hora exata que iniciava a aula e foi rápido em correr para a sala e se sentar em seu lugar habitual. Passou o tempo todo concentrado na explicação da professora e sempre apontava tudo, fazia perguntas e era por isso que Hwang era um aluno querido por grande parte deles. Ao que a aula acabou, os alunos começaram a sair e Hyunjin permaneceu na sala conversando com alguns colegas. Trinta minutos depois começaram a arrumar o seu material e o garoto ficou confuso.

— Maria, por quê arrumam o material?

— O professor avisou no grupo da turma que não daria aulas hoje.

Ele assentiu, agradecendo a garota ruiva. Decidiu que não iria para casa tão já e sim que ficaria a estudar para os exames que estavam próximos. Hyunjin também arrumou suas coisas e rumou à biblioteca, onde ficou um tempo estudando e só depois percebeu que eram cerca de nove e meia da noite.

— Ah não, ah não, ah não! Hyunjin ! – repreendeu a si proprio por ter perdido o tempo. Já sabia que era extremamente arriscado voltar para casa àquela hora, já tinha perdido o ônibus e não queria correr risco de ser assaltado novamente.

Começou a olhar fixamente no celular, o agente vindo logo em sua mente. Não podia mentir que gostou de conhecê-lo, ele era tão gentil, sua voz tão calma, ele era tão bonito e havia o salvado. Não queria incomodar o agente, nada disso, mas se ele disse que não havia problemas, é porque não havia, certo? Pegou no celular e tirou a capinha, o cartão do agente estava guardado ali. Discou o número e ligou, esperava que não atendesse mas ao mesmo tempo que sim. O ômega foi atendido ao quarto toque.

𝗢𝗡𝗟𝗬 𝗢𝗡𝗘 ; ( 𝘩𝘺𝘶𝘯𝘤𝘩𝘢𝘯) Onde histórias criam vida. Descubra agora