Capítulo 4

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Alfredo


Terminei de dobrar as mangas da camisa encarando meu próprio reflexo no espelho, borrifando o perfume pelos punhos, tórax e pescoço. O leve ardor causado pelo álcool da colônia serviu de calmante para a barba retirada perfeitamente antes do banho.

Não tinha frescuras, mas se havia um aspecto do qual não abria mão era de andar sempre bem apresentável. Claro, era um excelente chamariz para mulheres. No entanto, sempre tive comigo que nunca temos uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.

Coloquei a carteira no bolso traseiro, satisfeito ao pegar as chaves do pequeno quarto, agora apenas meu. Um agrado por ter domado o touro.

A brisa quente tocou meu corpo durante a caminhada até o galpão onde já tinha começado a festa. Passei por entre as pessoas mantendo a postura de sempre. Educado, mas de pouca conversa.

Por onde passava, as pessoas me olhavam com curiosidade, algumas receptivas, outras indiscretas.

Com o trabalho, os funcionários homens estavam se habituando comigo, o que ainda não tinha acontecido com suas mulheres e a elite convidada. Enquanto alguns maridos agiam indiferentes conversando entre si e tomando uísque, as esposas e solteiras da festa me acompanhavam pelo olhar sedento, deixando claro o que gostariam de receber de um homem como eu.

Avancei pelo local cogitando a possibilidade. Estava precisando e gostava de transar, mas não a qualquer custo. Havia muita coisa em jogo para eu colocar tudo a perder por causa de uma mulher.

Como se um magnetismo forte estivesse agindo sobre mim, meus olhos foram atraídos para uma roda de garotas jovens a poucos metros, diria até adolescentes, conversando animadas com as mãos em frente a boca e olhando para mim. Mas não foi isso que chamou a minha atenção.

Entre elas, uma mais alta, de vestido vermelho na altura dos joelhos, acinturado. Os cabelos loiros e cumpridos perfeitamente alinhados. Os olhos grandes encarando-me de volta, tão verdes e intensos. Tinham curiosidade, mas não como a das outras mulheres dali. Eram doces e penetrantes, ingênuos e sensuais, límpidos e misteriosos.

Era jovem, mas demonstrava uma maturidade e força surpreendentes. Tive a sensação de já tê-la visto, mas não recordava de onde.

Os lábios chamativos se abriram lentamente, denunciando que afetada pela nossa interação silenciosa. Sem que pudesse pensar no que estava fazendo, um sorriso quase imperceptível brotou em meu rosto.

Quem era esta mulher?

A outra garota, mais baixa e com o cabelo escuro, tentava ser discreta ao apertar seu braço e ralhar, provavelmente pelo modo como a loira me olhava, porém, nada foi capaz de desviar seus olhos dos meus.

Não deveria ser recíproco. Contudo, não pude controlar, ao menos até ter a minha análise interrompida por uma morena entrando à minha frente.

— Será que esse olhar fica assim, tão sexy, quando está dentro de uma mulher?

A fala despudorada me surpreendeu. Não por não esperar algo assim, mas por estar tão preso à garota e não ter visto a mulher se aproximar.

Porra! Agi como um moleque bobo encantado pela garota, não como um homem feito, com objetivo claro em mente e sem tempo para qualquer distração.

— Não aprendeu que não se provoca aquilo que não se pode dar conta? — devolvi, sem me importar em ser delicado.

Eu apreciava mulheres experientes, com atitude e clareza do que gostavam entre quatro paredes. Mas se tinha uma coisa que não compactuava era com as interesseiras que usavam do sexo como artifício para dar golpe em homem, o que estava mais que evidente na senhora à minha frente.

[DEGUSTAÇÃO] - A HERDEIRA PROIBIDA PARA O COWBOY: Família AlbuquerqueOnde histórias criam vida. Descubra agora