Capítulo 2

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Marta


Acelerei as braçadas me recusando a ser vista como frágil pelos meus irmãos. Cheguei à margem do rio ofegante e cansada, mas orgulhosa de ter sido a primeira mesmo sem praticar há tanto tempo.

Tirei o excesso de água dos cabelos fazendo a dancinha da vitória, enquanto eles saíam da água.

— Vamos logo! Sabem bem o que acontece se nos atrasarmos para o almoço — Martin, o mais velho, alertou.

— Calma, porra! Um segundo a mais, um a menos não fará diferença — Manoel resmungou com a agressividade de sempre.

Eles eram gêmeos, mas Mano – como o chamávamos carinhosamente – não se conformava por ter nascido alguns minutos depois. Isso não deveria ser importante, mas infelizmente a distinção que papai fazia entre eles não era saudável.

— Estou feliz demais por você estar de volta, encrenca.

Matias bateu seu ombro no meu em um gesto cúmplice enquanto tirávamos o excesso de água do corpo. Era o meu irmão preferido. Sempre cuidadoso e amoroso.

— Nem acredito que desta vez é em definitivo, Tito. — Suspirei, feliz demais.

Os anos no colégio interno foram importantes para o meu aprendizado, mas a saudade de casa era enorme.

— Aff, lá vem o purgante — ele reclamou, baixo. — Estava demorando...

Não precisei de muito para saber ao que ele se referia. Matias tinha tanta aversão ao Humberto quanto eu.

— O que você quer aqui? — Martin tomou a frente, sempre tomando a frente da responsabilidade de proteger os irmãos para si.

— Calma, cara. — O playboy levantou as mãos em falsa rendição com um sorriso debochado. — Eu sou amigo.

— De quem? Porque até onde eu sei, ninguém aqui gosta de você. — Matias devolveu.

— Acho que você está equivocado. Manoel é meu amigo. — Humberto tocou o ombro de nosso irmão que enrijeceu.

Embora fosse o mais reativo dos irmãos conosco, ele não conseguia se posicionar diante Humberto e papai.

Mesmo sob roupas de qualidade e ter uma aparência moderna, Humberto não enganava ninguém. Filho de Tenório Leitão, aliado de meu pai, ele tinha 22 anos e estava seguindo os rumos do pai. Um playboy mulherengo, dissimulado e ambicioso.

— Por que não volta para a casa do caralho de onde você veio? — Matias grunhiu.

— Vim ver a minha noivinha. Checar se voltou intacta da capital.

— Seu imbecil, se acha que vai ofender a minha irmã e sair ileso, está enganado. — Matias avançou, mas Martin segurou.

— Eu não sou a sua noiva — afirmei entredentes.

— Não oficialmente, mas será em pouco tempo.

Não pude conter o retorcer de lábios em desgosto quando o seu olhar predador recaiu sobre mim, ciente demais do quanto a roupa molhada salientava as minhas curvas. Senti nojo e vontade de afogá-lo.

Dei dois passos, levantando levemente o queixo para encará-lo.

— Nunca me casarei forçada. Nem com você, nem com ninguém.

— Isso nós vamos ver quando estiver com a barra da sua saia rodeada pelos meus filhos — sorriu, arrogante.

A mera menção da cena me fez ter vontade de vomitar. Não pelas crianças, mas por saber que ele precisaria tomar o meu corpo a força se quisesse tê-las.

[DEGUSTAÇÃO] - A HERDEIRA PROIBIDA PARA O COWBOY: Família AlbuquerqueOnde histórias criam vida. Descubra agora