Marshall Turner andava pelo luxuoso prédio da Nilo como se andasse por um beco deserto, observando com seus olhos frios e azuis de uma forma que se assemelhava a um falcão.
Serpenteava pelo edifício e buscava catalogar tudo que via, tentando decorar cada detalhe naquela sonhada universidade.
Passou pelo último corredor repleto de músicos e artistas antes de chegar a sala de teoria musical, e sentiu um olhar intenso o julgando, viu de relance uma garota de longos cabelos negros.
Aquilo lhe deu vontade de vomitar.
Detestava ser avaliado, e detestava a necessidade irritante que as pessoas tinham em avaliar os outros.
Apesar de sua intensa repulsa, ele decidiu apenas ignorar o olhar interessado da moça e entrou na sala antes que perdesse mais tempo de aula.
O local de estudo era climatizado e inteiramente iluminado, e as paredes anti-ruído criavam um silêncio confortável, era perfeito para aprender tudo que um estudante desejasse.
Marshall abriu o caderno de anotações sobre a mesa, ouviu o professor com razoável atenção, a lapiseira escrevia notas quase no automático, mas o rapaz não conseguia focar na aula em si, sua mente estava focada em acontecimentos passados.
Lembrou-se da última facada que desferiu contra a vítima mais recente de seu trabalho, os gritos por socorro e as palavras desesperadas do jovem ainda estavam frescas em sua mente, uma insistente memória que o perturbava de tempos em tempos.
Ele não passa de um Chacal sujo.
Mas o que mais ele poderia fazer? Isso era apenas um meio irrelevante de ganhar dinheiro e eliminar a concorrência. A violência era um meio essencial de se ganhar influência entre os Chacais. E era por conta desse reconhecimento que Marshall estava na Nilo.
Os cortes precisos e brutais do rapaz o trouxeram até aqui, e não poderia voltar atrás mesmo que quisesse.
A época dos grandes projetos da universidade tinha chegado, parcerias com famosas gravadoras eram garantidas para os que brilhavam, seu futuro estaria garantido caso se destacasse dos outros. *Ser um astro.* Soava como um sonho, tinha um gosto doce de veneno.
Guardou tudo o que tinha escrito assim que percebeu que a aula tinha acabado, pretendendo descobrir onde ficaria seu dormitório assim que possível, o número 505 estava registrado no canto da contracapa do caderno.
505. O número do inevitável.
VOCÊ ESTÁ LENDO
GOLDEN BEETLE- Livro 1: Chacais e Utopia
Teen FictionAxel Hitfield é um jovem cujo sonho é se tornar uma estrela, com um talento sobrenatural (apesar de sua insistente preguiça em se esforçar) e uma de suas metas realizadas foi entrar na Universidade Nilo, a melhor quando se trata de ter uma chance de...