Capítulo 3: Snap Out Of It

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"Para sempre não é para todos."

-Arctic Monkeys

-21:00 - Horário Pós-aula

A sombra de um sorriso brincou nos lábios de Axel conforme ele via Shivani andar em círculos no carpete do dormitório. O assunto a respeito do estranho novato ainda não tinha morrido, pelo jeito.

-Você viu a cara que ele fez quando notou a gente fofocando? O olhar de peixe morto?

-Pode ser que o cara seja tímido, tem gente que tem um jeito mais sério mesmo- Axel, esparramado no sofá, apoiou os pés na mesinha de centro repleta de papéis, que amassaram com a ação do garoto. - Mas você achou ele assim tão bizarro?

A resposta de Shivani foi um simples encolher de ombros, seu foco de interesse logo migrou para outro cômodo, foi atraída até a cozinha e abriu a geladeira como se fosse de casa.

-Descobriu quem é o seu colega de quarto?- Ela disse enquanto abria uma lata de refrigerante.

-Na verdade, não. Nem tinha pensado nisso, o pessoal não curte muito dividir quarto comigo, por isso nem me importo mais.

Shivani se lembrou do grande número de estudantes saindo e entrando do dormitório de Axel, cada um com uma crítica grosseira e uma expressão não muito amigável no rosto.

"505. O novo número do inferno." Era o que diziam. A garota deixou escapar uma risada quando se lembrou disso.

-E você? Já sabe quem é o seu?- Perguntou o garoto de cabelos azuis, mexendo os pés e esmagando ainda mais as folhas de papel em cima da mesinha em que se apoiava.

-Sim. - Ela fez uma pausa dramática- Noah Campbell.

-Ah, não!- Axel se endireitou no sofá com um salto. O espanto foi tanto que os papéis que estavam sobre o móvel no centro voaram, cobrindo parte do chão da sala e fazendo uma bagunça mensurável.

-Ah, sim. - E então Shivani se inclinou sobre o balcão que separava a sala da cozinha e repetiu o que tinha falado bem devagar, dando ênfase nas palavras - NOAH. CAMPBELL.

-Shiva, é melhor você esconder as facas do dormitório de você mesma. Não tô muito a fim de ir até a cadeia só pra te visitar.

-Eu não prometo nada... - A jovem levantou as mãos em um movimento inocente, como se estivesse se rendendo à polícia.

Axel riu, nem um pouco convencido da inocência de Shivani. Estava preparado para difamar Noah de alguma forma quando a porta de entrada se abriu.

Nem um dos dois estava esperando visita, mas a figura que abriu a porta estava lá, mais real do que nunca. E não parecia muito confortável com a situação.

O jovem de cabelos loiros transmitia um ar cansado, parecendo muito mais velho do que realmente era, principalmente se refletido com a luz do corredor. Ele entrou, batendo a porta e centrando seus olhos pálidos nos papéis espalhados pelo carpete.

Não eram só papéis. Eram anotações.

Anotações dele.

E Axel meio que percebeu isso tarde demais.

Shivani percebeu o clima tenso infestar o aposento como um vírus, terminou de beber seu refrigerante e jogou a lata no lixo perto do balcão.

-Parece que esse ano você tem companhia! - exclamou ela enquanto deslizava porta afora- Não vou interromper o papo dos dois colegas!

E saiu. Deixando Axel sozinho com o estranho. Um ratinho sendo abandonado na gaiola de uma serpente faminta.

Segundos de um silêncio torturante se passaram antes de Axel decidir se levantar do sofá e estender a mão como cumprimento ao jovem à sua frente.

-Axel Hitfield! Guitarrista e futura estrela da Nilo!

-Marshall. - rosnou o loiro, e ignorou a mão estendida de Axel. Seu olhar era inexpressivo, mas a energia que ele transmitia era de sincero desinteresse. - Pelo visto, ordem não é o seu ponto forte.

Não era preciso ser um gênio para entender que ele estava se referindo às folhas no chão, mas Axel fingiu não ter percebido. Marshall pareceu não se importar muito com isso, recolheu os papéis amassados do chão e se dirigiu até a escrivaninha no fundo da sala de estar, pretendia estudar até desmaiar de sono.

Mas Axel tinha outros planos para aquela noite, não ia suportar ficar nem mais um minuto naquele lugar, preso com aquele loiro bizarro.

Saiu do dormitório 505 como um prisioneiro em fuga, sem se despedir e nem mesmo dizer aonde ia.

GOLDEN BEETLE- Livro 1: Chacais e UtopiaOnde histórias criam vida. Descubra agora