7

13 1 9
                                        

Foi uma noite sem sonhos, daquelas que parecem que você acabou de fechar os olhos momentos antes de acordar. Vica ainda estava sonolenta ao tirar as remelas gosmentas do canto dos olhos. Quando botou a mão do outro lado do colchão, percebeu que estava sozinha. A falta de janelas não a deixava saber qual era o horário correto, mas o barulho das chuvas havia ido embora, ainda bem.

Vica checou o celular, eram oito da manhã. Normalmente, desde que havia dado uma pausa na carreira, ela costumava acordar por volta de meio-dia, pronta para olhar o mar do Leblon pela janela do quarto. Porém, as coisas haviam mudado, e com isso a sua rotina também começava a ser modificada.

Ela sentou-se na cama quando ouviu alguns passos na escada. Imaginou que poderia ser Jota, então deveria estar preparada para demonstrar a maior carranca que conseguisse. Isso não quer dizer que viramos amigos, as palavras que havia falado no dia anterior voltaram para a assombrar. Ele parecia ser uma pessoa bem melhor que dez anos atrás, precisava reconhecer isso.

— Vica! — o grito que veio da entrada do quarto não era de Jota.

Diferente do que havia dito sobre tomar um porre, Bruno aparentava estar completamente sóbrio e pronto para uma festa. Ele segurava uma cesta de palha repleta de roupas.

— O que é isso, Bruno? — Vica apontou para o look do amigo. Ele vestia uma calça skinny justa o bastante para marcar as nádegas, o cinto de couro marrom tinha o desenho de uma ferradura na fivela. A camisa de botão quadriculada parecia saída de alguma festa junina qualquer. As botas pretas que iam até o limite dos tornozelos estavam um pouco surradas e o chapéu branco enorme fazia uma sombra em seu rosto.

— Jota trouxe um monte de roupas pra gente.

— Roupas? — ela perguntou, apertando os olhos.

— Foi o que eu disse — ele balbuciou. — Expliquei que a gente só tinha pijamas para usar, e ele foi super legal e pegou um monte de roupas da doação da igreja.

Vica não podia negar que ficara zangada por Bruno ter falado ter falado tudo aquilo para Jota, sentia-se vulnerável novamente. Porém, era meio óbvio que eles precisavam de vestes novas.

Bruno jogou a cesta em cima da cama, fazendo as roupas se espalharem pelos lençois. Vica olhou algumas, e de fato tinham coisas muito legais ali. Ela pegou uma regata branca e uma calça de moletom cinza, mas foi interceptada por Bruno quando estava se preparando para entrar no banheiro.

— O que foi? — perguntou Vica ao sentir o toque da mão do amigo em seu ombro.

— Você não pode usar isso hoje.

— Por quê?

Bruno balançou a cabeça negativamente.

— Olha o jeito que eu estou vestido — disse, apontando para os sapatos e o chapéu.

— E daí?

— Não estamos indo para um show, Vica. Por qual outro motivo eu colocaria esse tipo de roupa?

— Sei lá, pra ver um rodeio?

— Tá perto — respondeu Bruno sorrindo.

Nesse instante, Vica teve um pensamento que ela queria de todo coração desacreditar que pudesse acontecer.

— Não me diz que...

— Sim, o Jota vai levar a gente pra andar de cavalo.

Bruno pulou e deu gritinhos, mas por outro lado, Vica só queria desaparecer igual um fantasma.

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 16, 2024 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Na Sola da PaixãoOnde histórias criam vida. Descubra agora