As alucinações se fizeram presentes de novo em fevereiro. Agora não sei mais o que é ter um momento de privacidade, pois estão sempre olhando pra mim e me julgando em silêncio.
Parei de compreender o que é real e o que é fruto da minha cabeça. Estou pensando demais, respirando muito rápido e me perdendo dentro de mim mesma novamente.
Em dias como hoje, eu sinto o fôlego faltar. Eu choro no carro, vindo pra casa. No banho quente. Na cama, até o cansaço me embalar brutalmente num sono profundo e sem sonhos. Pra recomeçar tudo na manhã seguinte.
São nesses dias que eu esqueço de como preciso parar de fumar tanto, que preciso me alimentar e cuidar de mim. Eu me olho no espelho e só vejo essa garotinha de 22 anos que cansou de tudo. Afogada em palavras não ditas, com um emaranhado de frases emboladas na garganta e a ansiedade - sim, a minha antiga amiga - empurrando tudo pra fora com uma força colossal que me dá náusea, mesmo que não tenha conseguido comer nada para ter o que vomitar.
Eu me culpo por tudo, e só queria um abraço apertado. Uma palavra de carinho. Um gesto sincero. Mas as coisas não são como a gente quer.
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Keep Breathing
Non-FictionApenas pensamentos que surgem de uma mente ansiosa e deprimida, que deseja a todo custo um fim para a dor.