30 de junho de 2022

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Eu juro que estou tentando ser o meu melhor, mas é difícil. Cada palavra que sai da minha boca me faz querer vomitar um monólogo, mas a trava que a ansiedade pôs na minha garganta bloqueia a passagem. Me afogo com coisas que não consegui dizer, tudo fica entalado, faz a saliva engrossar, os olhos encherem de lágrimas e o queixo doer.

Você sempre me pede porquê grito tanto, mas a questão é que estou tentando achar a minha voz. Dentro de mim estão em luta uma criança carente de atenção e uma adolescente que não queria ser notada. Cada vez que uma delas inicia a briga, a adulta do lado de fora entra em colapso e não sabe o que fazer. Me entrego aos meus instintos infantis e choro até dormir, ou me fecho dentro do vazio inevitável que surge em meus pensamentos?

Sou como uma TV sem sinal. Há somente os chiados e a tela cinza. Às vezes parece que o filme da minha vida acabou, e eu fico esperando alguma coisa, algum milagre. Talvez que o filme rebobine e comece novamente, ou talvez os créditos finais subindo na tela.

Eu torro sua paciência pedindo por cigarros, e você torra a minha pedindo por algum carinho. Mas eu não aprendi a ser carinhosa com ninguém, só entendo de palavras de gratidão, e não de gestos.

O amor que sinto por você é como um longo e sinuoso rio. Às vezes eu me afogo nas partes profundas dele, perco a consciência e acabo nas margens, desacordada. São nesses dias que eu envelheço dez anos em meia hora, que minhas olheiras ficam mais aparentes, meu corpo mais magro, minhas costas mais arqueadas. São nessas noites que eu fico acordada, torcendo para que a madrugada passe rápido, assistindo cada movimento seu na cama e ouvindo seu ressonar lento e calmo. Infelizmente a única calma que eu encontro nessas horas é a fumaça do cigarro e a escuridão da sala.

Sinto muito por gritar. Prometo que estou tentando mudar. Juro a você. Tudo isso porquê eu te amo.

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