Oh, destino cruel do amante sempre culpado,
que se entrega ao amor com a alma despida,
perdido em beijos furtivos e promessas murmuradas,
condenado por um desejo que jamais se esquiva.Tu, que carregas o fardo da paixão proibida,
navegas em mares de olhares roubados,
teu coração, farol aceso na noite mais escura,
atraindo tempestades, trovões abafados.És tu, o amante, réu confesso de amar,
com olhos que ardem de sonhos não ditos,
a culpa é tua por querer mais do que podes segurar,
por sonhar em abraços que o mundo julga infinitos.Mas quem poderá julgar o fogo que te consome?
As chamas que ardem em teu peito febril,
quem dirá que é crime buscar no outro teu nome,
escrever a vida em versos, num amor pueril?Ah, amor, que te faz vítima e algoz de tua sina,
teu coração, prisioneiro e rebelde sem causa,
culpado és por viver cada instante, cada rima,
em um romance que o tempo não pausa.Assim, sigues teu caminho de amante condenado,
com a culpa cravada como espinho em flor,
mas quem ama, sabe, o preço é pesado,
e o pagamento é feito em parcelas de dor.Ainda assim, amas, e nesse amor te encontras,
pois no fundo de cada culpa, há uma verdade rara,
que ser amante é viver nas entrelinhas das vontades prontas,
e ser culpado é amar sem medida, sem pausa, sem tara.