Querido Coração,
Hoje escrevo sobre a incerteza que nos envolve, sobre a dúvida profunda que nos inquieta: não saber amar. É uma dança inacabada, uma melodia que ecoa sem encontrar harmonia, um jardim que, apesar do cuidado, não floresce.
Há momentos em que me pergunto se o amor é um mistério reservado a poucos, uma arte que ainda não aprendemos. Vemos o amor em seus múltiplos matizes ao nosso redor – nos olhares cúmplices, nos abraços reconfortantes, nas palavras que aquecem a alma – e, mesmo assim, sentimos que ele nos escapa, como areia fina por entre os dedos.
Não saber amar é carregar um vazio que pesa, uma sede que nada sacia. É querer se entregar e não encontrar o caminho, é tentar abrir o coração e sentir que as portas permanecem fechadas. Olhamos para dentro e buscamos aquele sentimento que parece sempre à beira de surgir, mas que nunca se revela completamente.
Talvez o medo seja nosso maior adversário, aquele medo silencioso de se machucar, de se perder no amor e nunca mais se encontrar. Construímos muralhas ao redor do coração, na tentativa de nos proteger, e acabamos nos isolando. Cada cicatriz do passado se transforma em uma pedra nesse muro, cada decepção reforça nossas defesas.
Há também a sensação de inadequação, a dúvida constante de sermos dignos de amor. Nos perguntamos se há algo de errado conosco, se somos capazes de despertar esse sentimento profundo e verdadeiro. As respostas, muitas vezes, parecem esquivas, deixando-nos perdidos em um mar de incertezas.
Mas, querido coração, precisamos lembrar que o amor não é um destino, mas uma jornada. Não saber amar não significa ser incapaz de amar. É uma oportunidade de nos conhecermos melhor, de entendermos nossas fragilidades e de nos perdoarmos por nossas falhas. O amor começa dentro de nós, na aceitação de quem somos, com todas as nossas imperfeições e virtudes.
Aprender a amar é como aprender a viver. É um processo contínuo, feito de tentativas e erros, de pequenos gestos e grandes descobertas. Precisamos ser pacientes conosco mesmos, dar-nos tempo para crescer e para florescer. Cada tentativa, cada esforço, é um passo em direção a esse entendimento, um movimento em direção ao amor que buscamos.
Que esta carta seja um farol em meio à escuridão, uma lembrança de que não estamos sozinhos em nossa busca. O amor é um caminho que vale a pena trilhar, mesmo quando parece difícil. E, eventualmente, encontraremos a melodia certa, a dança perfeita, o jardim que florescerá. Até lá, sigamos com coragem e esperança, certos de que cada batida do coração nos aproxima um pouco mais do amor.
Com ternura e determinação,
