Capítulo 3

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Habituada e incluída em sua rotina, era o que eu sentia. Mesmo sendo algo falso de se pensar, eu me permitia em acreditar.

Acreditar que ele estava mais presente por gostar da minha companhia, e que em seus inúmeros personagens, uma coisa tinha em comum, similar. Era de não somente beber sempre a mesma quantidade de bebidas, mas de todas as vezes em que alguma mulher se aproximava para conversar, ele deixava claro que não tinha nenhum interesse em conversar. E com um meio sorriso, direcionava entre sua bebida e à mim, e a nossa conversa que antes tinha sido interrompida, volta de forma tranquila confirmando que sua atenção era totalmente dedicada e exclusivamente só para mim.

O que me deixava estupidamente mais encantada por ele. No seu modo de olhar, de falar sobre tudo, nos personagens e histórias que me contava.

Cada palavra que ele dizia, trazia verdade, mesmo que eu não tivesse tanta certeza disso. E mesmo assim, eu conseguia acreditar. Ou na verdade, eu só permitia e deixava a mim mesma me enganar.

Só sei que ele me despertava interesse, me instigava a possibilidades que eu nunca cogitei que poderiam passar pela minha mente. Como numa determinada vez, em que uma das raras vezes, ele não pronunciava se quer uma palavra, o seu olhar me seguiu, me instigando, excitando. Foi a primeira vez, de inúmeras que iriam vir, que ele olhava assim para mim. Acreditando eu que seria naquele dia, antes de ir, que nossos lábios e corpos iriam se fundir.

Tola!

Criando inúmeras possibilidades, formas e posições. A minha mente projetava, de que forma iria talvez acontecer. E quando percebi, ele foi embora como todas as vezes. Nem uma hora antes, ou depois, na qual sempre ia embora.

Percebendo que criava imaginações, inutilmente.

Porém eu não conseguia parar, depois que surgiu esse pensamento, ficava cada vez mais forte, esperando não sei o que, um sinal claro de que ele me queria também.

E esse sinal nunca vinha, não diretamente, fora os olhares, suas palavras sempre saiam tranquilas em qualquer outro assunto, que não envolvesse uma possível possibilidade de acontecer, algo entre nós dois.

Até que uma vez ele disse de forma frustrada, o quão na vontade de sexo ansiava. E percebendo a minha chance de tentar alguma coisa, ele já se levantava e dizia que precisava ir. Tão rápido que quando eu percebi, na porta de saída já tinha saído.

Até cogitei a possibilidade de ir atrás dele, mas se em nenhum determinado momento ele não deu um sinal claro de que me queria, não faria sentido ir atrás dele, tentando oferecer algo de mim, que talvez não iria o satisfazer.

Através do seu olharOnde histórias criam vida. Descubra agora