Capítulo 5 - O fim ou o começo?

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Já se passaram 11 meses desde a última vez que ele veio ao bar. Depois daquilo, eu nunca mais o vi. Na esperança de que ele poderia voltar a qualquer momento, fazia um mapa mental de diálogos que poderia dizer, mas esse momento nunca chegou.

Me sentindo frustrada e confusa, repassando cada ponto, cada expressão que demonstrasse um sinal de uma brecha que eu poderia ter utilizado para não permitir a sua partida. A cada vez doendo mais, só de lembrar. Pois como poderia impedir a sua partida? Se de certa forma você nunca esteve totalmente aqui, seus inúmeros personagens sim, mas algum deles era o seu eu de verdade? Às vezes quero acreditar que sim. Que eu não me apaixonei, se deixando levar por alguém que sempre demonstrou que os seus olhos nunca estavam direcionados realmente para mim.

E com o passar do tempo, observava que nada a minha volta pareciam estar diferentes. O Chefia, o Theodoro, o bar. Mas que eu sim, me sentia diferente, diferente não só emocionalmente, mas em tudo. Me sentindo sufocada só de olhar aquela bancada todas as noites a fio, ou quando deslumbrava de forma errada que era ele que entrava no bar, quando na verdade, era só alguém parecido, mas não era ele. O que não me impediu de burlar os meus desejos internos por ele, ficando com qualquer um que se parecesse ou falasse do jeito que ele falava, de sorrir de um jeito parecido como ele sorria.

Saciei o meu desejo de beijá-lo e ser tocada por ele, beijando e sendo tocada por mãos que na minha mente, imaginava serem deles, mas não era. A boca, as mordidas, suspiros que idealizei que iria realizar com ele, sendo realizados com pessoas que eu só fazia questão de aprender o nome para imaginar que era só mais um personagem criado por ele.

Me tornando obcecada por alguém que gradativamente perdia sua essência dentro de mim.

Nem eu mesma me reconhecia mais.
Sentimentos eram fora de cogitação. Impossíveis. Tinham que estar, e eram descartados.

Me tornando só mais uma peça automática, vivendo, mas confusa na maior parte do tempo. Precisava mais do que qualquer coisa, reverter essa situação. E continuar trabalhando naquele bar, morando com o Chefia (meu pai), já não fazia mais sentido, enquanto eu estivesse nesse ciclo, sentia dentro de mim que tudo só iria piorar, a dor não mostrava que iria ir embora.

Um escape, era disso que eu precisava.

Dei adeus à tudo aquilo que não me trazia nenhum bem. Chefia só disse um "OK, se cuide!" E voltou as coisas que realmente lhe importavam. Talvez eu devesse ter feito isso muito antes, mas agora é muito tarde para reclamar, só tinha que aceitar.

Que foi através do olhar dele, pude ser capaz de me desprender de possibilidades e de uma vida que não me pertencia. Ilusões que projetei, mas pioraram tudo que estava dentro de mim. E talvez longe de tudo isso, algum dia, me depare com o verdadeiro amor, o mesmo e único amor que só recebi da minha mãe em minha vida.

Ou talvez só esteja sendo tola demais, como todas as vezes em que eu ficava olhando as persianas da janela do bar, na esperança que você voltaria e iria dizer que também me queria.

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