Me encontro em pleno desespero, sai da minha cidade que fica no Sul e estou indo morar em São Paulo de favor na casa de um amigo meu.
Essa é a minha vida, estou oficialmente formada na faculdade, porém desempregada.
Amo viver.
Minha mãe sempre disse que gostaria que eu fizesse faculdade para não acabar igual a ela, esfregando o chão ou com a barriga no fogão.
Entendo minha mãe, mas nunca houve algum curso que eu realmente queira fazer, porém eu fiz, pra agradar ela. Me formei em pedagogia.. gosto de crianças, mas acho que não é meu forte.
Nunca sai do meu estado, ta tudo completamente novo na minha vida e sinceramente me encontro em desespero. Mas não posso demonstrar tenho que fingir que tudo está tudo bem mas pra falar a verdade acho que perdi o controle da minha vida faz muito tempo.
- Olá moça, seja bem-vinda a São Paulo. - disse a aeromoça com um sorriso no rosto.
- Obrigada moça, tenha um ótimo trabalho. - digo ajeitando minha saia.
Sai do avião com apenas duas malas e no início do aeroporto já encontrei o Borges me olhando e com um sorriso de orelha a orelha (sim, Borges o cantor). É mais forte que eu e acabo sorrindo de volta e percebo que na sua mão tem uma placa escrito ‘’Bem vinda a vida adulta, ela é uma bosta’’ chego perto do meu amigo e o abraço soltando uma gargalhada sincera.
- Não acredito BG, só tu mesmo usando a frase de Friends pra me fazer rir.
- Bora baixinha pra casa que to com fome. - disse pegando minhas malas na mão.
Conheci o Borges no início da carreira dele quando eu fui em seu show que ele fez na minha cidade, e mesmo ele não sendo tão conhecido na época eu fiquei nervosa, e quando to nervosa eu faço muitas piadas. Ele simplesmente rio de todas as piadas e completou algumas, e desde lá a gente conversa, às vezes ele ia fazer show na minha cidade pra me ver. E simplesmente ele virou um irmão pra mim.
Depois de me formar, percebi que a minha cidade não me cabia mais, eu precisava mudar a minha vida, perguntei se eu podia morar com ele por algum tempo até arrumar um emprego e ele super aceitou.
- Não vai ter nenhuma mulher pelada aí dentro né BG? - falei apontando pra porta que o mesmo estava abrindo.
- Tem umas três, mas finge normalidade que elas são ciumentas. - Olhei pra ele com cara de tédio. - Zueira S/N, tem ninguem aqui não, mas jaja vai ter. To gravando uma música nova com uns parças ai. - disse colocando minhas malas na sala.
- A não se preocupa eu fico trancada no quarto. - falei arrumando meu colar no pescoço.
- Porque baixinha? Não precisa virar bicho do mato, tá de boa. É o Cabelinho e o Veigh, eles não mordem não.- Tu vai gravar uma música com o Cabelinho? - levantei uma sobrancelha e o mesmo me deu um sorrisinho de lado. - Onde é meu quarto? - mudei de assunto.
- No segundo andar, final do corredor - falou indo até a cozinha.
Coloquei a mão na cintura indignada. - NÃO VAI ME AJUDAR COM AS MALAS BORGES? - gritei pra ele me ouvir.
- EU NÃO, JÁ TE FALEI ONDE FICA, SE VIRA PIRRALHA.
- CUZÃO. - disse pegando minhas malas.
Meu plano é arrumar um emprego como professora (tenho um diploma então vou usá-lo né) e me mudar o mais rápido possível, odeio viver de favor na casa dos outros, tenho nenhum puto no bolso me sinto mal por não ta ajudando nas contas e nem nada, tudo bem que o BG tem grana mas mesmo assim me sinto mal.
Resolvo tomar um banho e colocar um short e uma camiseta. Já tá escurecendo então desço as escadas pra fazer algo pra comer.
- BG vais querer algo? pensei em fazer macarrão… a oi gente. - digo pro Cabelinho e o Veigh. Fingi costume mas to super nervosa, querendo ou não eles são bonitos e posturados, me sinto até uma ameba perto deles.
- E aí - os dois disseram em uníssono.
- Vou querer sim S/a. Meus mano também vão querer né não? - olhou pros dois que não tiravam os olhos de mim, tô tão nervosa que poderia pular da sacada desse apartamento.
- Vocês não iam gravar uma música? porque tão jogando videogame? - mudei de assunto.
- Não é assim que funciona gata, tem todo um processo criativo. - Veigh disse voltando a prestar atenção na tv.
Fiz uma careta e fui em direção a cozinha.
Resolvi fazer fricassê de frango, minha comida favorita, admito que o da minha mãe é o melhor, mas até que o meu dá pro gasto.
Começo a pegar as coisas na geladeira e escuto os gritos das três crianças que estão na sala e começo a achar graça, o BG é muito competitivo e não gosta de perder na vida real imagina em um videogame.
Quando to quase terminando observo o Veigh se aproximar. - Sabe onde ficam os copos? - me perguntou todos posturado cruzando os braços.
Olho pro mesmo - fica aqui - passo por ele abrindo o armário e lhe alcanço um copo. O mesmo abre um sorriso de lado e pega o copo.
- Obrigado S/A. - disse meu apelido em tom de deboche. Franzo a sobrancelha e resolvo ignorar continuando a comida, o mesmo abre a geladeira e coloca água gelada no copo.
- Olha, o fricassê ta quase pronto, se vocês quiserem ficar para jantar. - digo com um sorriso.
- Tu não ia fazer macarrão parça? - pergunta cruzando os braços de novo. (ele sempre tem que tá posturado mesmo sem ninguém por perto?)
- Sim - digo colocando o cabelo atrás da orelha. - mas preferi fazer fricassê porque…
- Preferia o macarrão mal - disse me interrompendo com um sorrisinho no rosto e sai da cozinha.
Me poupe né - SE TU NÃO QUER É SÓ NÃO COMER, EU HEIN - digo gritando da cozinha.
As músicas deles são realmente boas mas que guri mala. Credo.
