Despertando...

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  Yuto abriu os olhos um pouco desnorteado e levou certo tempo para perceber onde exatamente estava e o que viu o confundiu um pouco.

Era uma construção de madeira alta com várias camas estreitas espalhadas por um lado do cômodo, em três delas estavam seu pai e os dois homens que lhe fizeram companhia pela outra margem do rio, todos eles dormiam no que parecia ser um sono profundo. Yuto se sentou na cama em que estava e tocou o próprio corpo ainda pensando em como sobreviveu a picada da cobra em seu tornozelo. A dor foi horrível mesmo que durante segundos e então...

Ele pensou que havia morrido.

Mas estava vivo...

Foi em direção ao seu pai e estendeu a mão para tocar em seu rosto, queria saber se ele estava mesmo bem, precisava saber onde estava e o que havia acontecido e...

— Não toque nele, vai acordá-lo e ele ainda precisa dormir.

A voz suave soou antes da pessoa entrar na construção que só agora percebeu não ter uma porta e sim uma espécie de tecido grosso na entrada. O homem parecia ter mais ou menos a sua idade, vestia roupas leves e tinha um sorriso bonito e tranquilo. Yuto o encarou confuso, se afastando um pouco do pai:

— Quem é você?

— Meu nome é Pharm, mas todos por aqui me chamam de Ph, sou o curandeiro da matilha – ele lhe sorriu de forma calma e apontou para a cama onde estava – Volte e sente, seu corpo ainda está fraco devido ao veneno removido. Teve sorte, Yuto, mais alguns minutos que demorasse, não teria sobrevivido.

— Você... Sabe o meu nome?

A pergunta saiu da sua boca extremamente chocada, o curandeiro sorriu de canto:

— Sente-se que eu irei explicar.

Yuto sempre foi obediente, seu pai brincava com ele constantemente sobre aquilo, mas era mais forte que si, ele simplesmente não sabia ser mal educado e rebater algum pedido, ainda mais se fosse feito de modo educado. Suspirou e voltou para a cama estreita na qual acordou e logo o tal Ph se sentou ao seu lado:

— Veja, o que estou prestes a lhe explicar vai parecer a princípio algo descabido e insano, mas creia-me, é real e verdadeiro. Você... Na verdade todos vocês são pessoas da nossa matilha agora, e sim, vivemos em uma, os lobos que viu antes de ser picado lá no rio... São reais.

Yuto perdeu uma batida do seu coração em seu peito.

Lobos... Reais...

Se recordou dos uivos e do enorme lobo em cima da ponte de pedra, imenso e branco... E aqueles olhos que pareciam estranhos e brilhantes na luz da lua...

— Como... Er...

Sua mão foi tocada pela dele que assentiu:

— Eu sei que parece loucura, mas é real. Nesse mundo em que pensávamos só existir nossa espécie, há muitas outras coexistindo em paralelo e em segredo, um deles são os Lycans. Eu também estive em seu lugar há muito tempo – E ele soltou sua mão para olhar de forma triste em direção a porta – Eu fui roubado da minha vila em um reino muito longe daqui e trazido para ser escravo de um prostíbulo. Minha pele... é valiosa pela corte desse reino humano, de toda forma eu estava na carroça de grades quando ela quebrou próximo da ponte onde você foi picado pelas serpentes. Meu companheiro me salvou, ele estava caçando quando sentiu meu cheiro, ele diz que isso foi único e ele sabia que eu estava próximo. Então eu fui salvo e vim para a matilha, aprendi tudo o que sei de remédios com a velha matriarca, eu sempre me interessei, mas nunca pude estudar a fundo esse assunto e bem, agora eu vivo feliz e seguro aqui – Ele voltou a olhá-lo e dessa vez estava sério – Não sei o que pensaram andando por aquele caminho fora da trilha e cheio de ninhos de serpentes, mas o alfa ainda está feroz sobre isso.

Caindo nas garras dos LycansWhere stories live. Discover now