Caindo nas garras dos Lycans

Jovem mestre

  Yuto acordou com duas batidinhas na porta e se ergueu da cama um pouco tonto.

— Meu senhor? Posso entrar?

A voz era macia e ele a reconheceu. O jovem esguio que os recebeu aquela tarde.

— Claro.

Disse sonolento tentando espantar o sono e acordar para a vida. Ele se escorou em um dos pedestais tentando organizar os pensamentos enquanto o homem se aproximou dele com um sorriso polido:

— Meu nome é Felix e já nos vimos essa tarde. O jovem mestre pediu que eu cuidasse do senhor nesses primeiros dias então estou aqui. O jantar é dentro de pouco tempo, posso te mostrar a casa de banho da sua torre?

Yuto piscou. Havia uma casa de banho ali naquele grande cômodo redondo?

Ainda sonolento ele assentiu e logo o homem foi até uma das paredes onde um apoio para velas estava e a empurrou e qual não foi o seu assombro em ver parte da parede se mover como se fosse um fundo falso!

— Como...?

— Esse castelo tem muitas peculiaridades, senhor. Foi construído pelos ancestrais Phiravich com muitos aparatos dos quais eles preferiam usufruir. Venha, vou lhe mostrar como tudo funciona.

Então Yuto foi atrás do homem atravessando aquela parede para se ver em uma casa de banho diferente e aos seus olhos, incrível! Havia uma enorme banheira ao canto, não circular como as tinas que estava habituado em seu lar, mas sim oval, feita de um material liso e nada áspero como os de madeira. Na beira de um dos lados, próximo a parede circular, havia um cano estranho que ele não soube identificar. Ali o chão era de pedra polida clara e havia toalhas felpudas penduradas na parede.

Tudo tinha cheiro de limpeza e era agradável.

— O que é isso?

Apontou para o cano, Felix respondeu de forma quase sorridente:

— Se chama torneira, é por onde você controla a entrada da água quente, assim como a pia ali.

— Como assim água quente?

— Temos uma caldeira nas masmorras que aquece alguns dos encanamentos do castelo.

— Isso existe?

— Há muitas tecnologias que verá que para essa família já existe há muito tempo, meu senhor. Os Phiravich são surpreendentes, se posso dizer assim. Agora vou deixá-lo tomar seu banho, estarei no quarto preparando suas roupas, tudo bem? Para ter a água basta girar para direita e a água sairá, vire para a esquerda e fechará, simples. Sei que nunca teve criados ou um valete, mas até segunda ordem, eu lhe servirei por enquanto e isso significa que todas as suas necessidades pessoais serão atendidas. Espero que possamos ter uma boa convivência.

Ele se curvou levemente e Yuto fez o mesmo por pura educação.

O homem saiu dali e Yuto suspirou. Aquilo tudo era tão incrível e estranho...

Algum tempo depois saiu do quarto se sentindo com várias emoções conflitantes. As roupas ocidentais eram menos confortáveis e sem o manto externo, se sentia um pouco nu. Era só uma camada, uma camisa, calças e botas... Havia algo que Felix chamou de casaca, mas sinceramente era desconfortável e preferiu não usar.

Era muito estranho, juntando a isso aquelas infinidades de corredores de pedra pareciam também um pouco opressores. Seu lar era de madeira, tudo em seu mundo era de madeira e ali... Tudo era pedra. Claro, era lindo, imponente, majestoso até, mas ainda estranho...