Capítulo 9 - Ele: Só uma mordida?

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Estar com ela era algo totalmente diferente, do que estar com outras pessoas. Porque estar com ela, era/é sempre como se o tempo não passasse nunca. Lento e muito bom. E quando precisa ir embora parece que o tempo tinha passado rápido demais, pequeno, não aproveitando nada. E surgiam logo após a sua ida para casa, inúmeras possibilidades de coisas que poderíamos ter feito.

Antigamente eu pensava somente em mim, nas minhas necessidades, vontades e desejos. Nunca colocando os desejos e prioridades de outras pessoas como importância, porque na verdade, a pessoa em si não era importante para mim. Soa algo muito estúpido da minha parte em dizer, mas eu assumo por completo a maneira como pensava, e agia. Um cara totalmente egoísta não só emocionalmente, mas também que não tinha se quer alguma empatia por alguém que conhecia, que dirá desconhecidos em geral.

Confesso que eu era um cara detestável, e hoje sei muito bem que isso era errado, era péssimo. Quem diria que até isso, ela me mostrou, apontou dizendo que:

— "Pessoas que não sentem um pingo de empatia um pelo outro, precisam de um tratamento.." E completou com um - "Meu bem, você precisa de um..".

Isso me deixou confuso demais, nunca esperava tais palavras vindo dela. OK, quem estou tentando enganar. Conhecendo ela tão bem, era bem do feitio dela, dizer na minha cara tal coisa.

Tão sincera. Foi a sinceridade dela que me atraiu desde o início. Mesmo que a verdade machucasse, ela sempre era sincera, não somente comigo, mas com todos a sua volta. E era exatamente a sua sinceridade e afeto espontâneo que conquistava a todos a sua volta, quando se permitiam a conhecer de verdade.

E pouco a pouco, me via importando com questões que enxergava tão insignificantes, tão simples. Ela conseguia fazer com que as pessoas a sua volta tivessem outros pontos e perspectivas mais amplas, do que elas mesmo pensavam.

Tudo nela desperta interesse. Ou talvez seja os meus sentimentos por ela que deixam tudo mais bonito, colorido. E nesse momento da minha vida, a única coisa que sempre espero é conseguir vê-la todos os fins de semana. Como se ele fosse só nosso.

Ela sempre ficava me instigando para dizer a sinceridade que eu guardava para mim. Me apontando que era melhor dar, sem esperar algo em troca.

Desde o início, quando éramos apenas amigos. Um flerte ali, um outro flerte aqui, tudo tão por acidente. Era para acontecer e ser só uma ficada, lembra? E nem isso fizemos.

Quando percebi estava te contando tudo sobre a minha vida, família, sonhos, anseios. Te contando até mesmo quem estava dando encima de mim, me querendo, e quem eu estava interessado realmente.

Você com a sua mania de me abraçar forte e morder a minha bochecha, e logo em seguida, me contar como foi o seu dia antes de ir para a minha casa e aproveitar o pouco tempo que ainda tinha estando só de passagem pelo o meu Estado.

A primeira vez que nos vimos, foi tão doido. Parecia que eu estava indo rever alguém , e não conhecer pessoalmente e pela primeira vez.

Você descendo do ônibus com o rosto denunciando que você tinha dormido o trajeto inteiro, ou quase isso. Mas quando me viu e reconheceu, soltou um sorriso mais lindo que eu poderia ter visto. Eu nunca tinha visto alguém sorrir com os olhos, porque você todinha brilhava e brilha ao sorrir. Acho que eu nunca vou me cansar de dizer sobre o seu sorriso, uma das inúmeras coisas que mais amo em você. E ao te ver sorrir tão feliz para mim, vindo ao meu encontro, não consegui nem soltar um "Olá!", pois você já estava me abraçando fortemente, e eu retribui instantaneamente. Foi naquele momento que percebi que só os meus pais e avós, eu abraçava desse jeito. Um abraço silencioso, mas que emanava só coisas boas, como paz e amor.

E ali naquele momento no meu quarto em que você falava de seus amores, e eu dos meus. Quando percebia, já estávamos agarrados, sem haver maldade alguma. Mas depois de um tempo, confesso que ficar com você assim me intrigava, e lá estava eu, com o pau rígido, totalmente excitado por você. Sua mania de bagunçar o meu cabelo, ou morder a minha bochecha. Dentro de mim gritando "ela está querendo você", mas sem conseguir dizer em voz alta, ou tentar qualquer coisa. Até que vi, ela fazendo as mesmas coisas com as melhores amigas, e dizendo na frente de todas que eu era o único amigo, sem ser as amigas dela, que ela fazia a mesma coisa.

Estava me sentindo brochado, mas contente por nunca ter tentado nada, das vezes que ela fazia tal coisa. Isso nunca afetou a bolha mágica que nos rondava.

Mas depois de uns anos, passei a me afastar mais dela, há viver determinadas loucuras que ela não aprovava, mas respeitava.

E assim, nos afastamos pouco a pouco, porém nunca por completo. Uma mensagem de Aniversário, no Natal, no Ano Novo, Trocadilhos em Redes Sociais só para mostrar "Ei, eu estou aqui viu!" por ambas as partes, e quando a saudade gritava, e como gritava.

Depois de um tempo nos aproximamos novamente, de forma mais constante, um "Bom dia!", "Como vai?" e por aí entre outras coisas. Passamos a compartilhar novamente nossa vida, de forma mais completa, não resumida.

Querendo ou não, agora nos encontrávamos mais maduros em todos os sentidos.

E quando eu percebia, se por acaso se passassem 2 dias, já me via com saudades de conversar, de ter notícias dela, de saber como estava, como foi o seu dia.

A rotina e a correria da vida, tem a capacidade de sugar e tomar todo o nosso tempo e energia. E sem eu a menos dizer, ir atrás, ela vinha de forma como só ela fazia:

— "Estou com saudades" ela mandava.

Percebendo que até na saudade, novamente a sintonia se mostrava forte e clara entre nós dois.

Com o passar do tempo ela voltou a visitar o meu Estado com mais frequência, e eu fazia a mesma coisa, indo com mais frequência ao Estado dela.

Sem a gente perceber, passávamos mais tempo um com outro, do que com os nossos amigos, que no qual, também era o objetivo de visitar e passar um tempo também. Ficávamos perto deles, porém passávamos um tempo muito maior um com o outro, do que com eles.

Numa dessas vezes em que estava com ela no meu quarto, deitados na minha cama, conversando sobre tudo. Ela com a sua mania de bagunçar o meu cabelo, agora estando um pouco mais curto, e mordendo a minha bochecha. Dessa vez, no momento em que ela fez isso, instantâneamente revidei, algo que eu nunca fiz, e mordi a sua bochecha também. O que no fim, fez ela dar um sorrisinho, aquele sorrisinho que eu sempre amei, e no fim, acabou me instigando a morder a sua boca, poucos segundos nisso, e lá estávamos nós dois saboreando a boca um do outro pela primeira vez. Suas pernas envolvendo a minha cintura, suas mãos alternando entre puxar os meus cabelos, e apertar a minha nuca, para aprofundar mais ainda o nosso beijo.

Estava em êxtase. Excitado. E também muito confuso. O que estávamos fazendo? Eu não sabia responder a minha própria pergunta, dúvida. Eu só não queria ficar pensando tanto, não naquele momento, em que a sua mão desabotoava o botão da minha calça e descia o zíper dele pra baixo, enquanto sua boca sugava e chupava a minha língua.

Tudo em mim ardia e gritava o tanto que eu queria ela.

E foi a partir dali, que todas as vezes que você mordia a minha bochecha, é como se fosse um isqueiro, acendendo e queimando tudo aqui dentro de mim.

Não era pra ser mais um clichêOnde histórias criam vida. Descubra agora