5. Nada além disso

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Oii Galthânicos!
Antes do capítulo tenho considerações a fazer.
1. É importante lembrar que a trama se passa nos anos 70, no começo da carreira delas, e também época de ditadura militar. Então a relação entre duas mulheres não era bem vista.
2. Personagens novos:
Gui é o empresário-produtor deles e é um homem gay de 35 anos.
D'Marco é violonista de origem italiana e fez parte da criação do álbum Domingos.

Era só isso, Boa leitura pra vcs xuxus!

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Saiu!

O álbum estava no mundo, as pessoas estavam consumindo. A gente saindo em capas de jornais e revistas. As coisas estavam fluindo e eu não poderia está mais contente. Tudo o que eu quero é cantar. Por mais que eu esteja dando voz às músicas, elas são quem me dão vida.

Hoje, mais tarde, daremos uma festa de divulgação do álbum e virão pessoas famosas, críticos, amigos, minha ansiedade estaria a mil, se eu tivesse tempo para isso, já que não parei o dia todo. Passava das três da tarde quando adentramos a sede da rádio Tupi, onde daríamos a última entrevista do dia. Quando chegamos na sala de microfones, me servi com um pouco de café, pegando umas bolachinhas que ficavam a disposição. E sentei-me para esperar que começasse, o que não demorou muito.

- ... E no dia de hoje temos o prazer de entrevistar os nomes do momento. Sim, eles estão aqui na minha frente, sejam bem-vindos Caetano Veloso e Gal Costa - o interlocutor nos apresentou e deu início ao bate-papo.

- O prazer é todo nosso! Não é Gal? - Caetano como já estava ciente da minha timidez, tentava me puxar para participar.

- Com certeza! Muito bom estar aqui.

- Bem, eu queria começar perguntando, como começou essa parceria? Como se conheceram?

- Ah, eu e Gal nos conhecemos desde muito novos. Viemos ambos da Bahia. Quando cheguei de Santo Amaro na capital, Gracinha foi uma das pessoas incríveis das quais tive a honra de conhecer. E me apaixonei por ela a primeira vista. Gal tem o meu amor de graça.

- Olha, é nítido o carinho entre vocês. E quanto as letras do disco...

A entrevista continuou rolando a medida em que eu disssociei e passei a não prestar muita atenção e responder as perguntas no automático, isso quando só não concordava com o que Caê dizia.

- Agora, Gal, eu gostaria de saber o que você tem a nos dizer sobre a foto que estampou essa última edição da Contigo, lançada hoje? Como intitularia sua relação com a também cantora e irmã de Caetano, Maria Bethânia?

- Bethânia? - estranhei a menção a ela - Eu... Ela... é bem importante pra mim, somos próximas - sou interrompida pelo barulho da porta sendo aberta, aberta por Guilherme, Gui nosso produtor.

- Licença, teria como fazer um pausa? Preciso roubar a Gal uns minutinhos, nada demais, vai ser rápido - ele nem sequer olhava para quem nos entrevistava e sim para mim, pelo o que conheço de Gui, algo não está certo - Vamos ali fora, querida?

- Claro, vamos - assenti já me retirando da sala.

Quando chegamos no corredor e a porta foi fechada, Guilherme começou um disparate de palavras das quais eu não entendia nada.

- Nada demais, nada demais, quem dera fosse. Tudo demais né querida, isso aqui é tudo até demais. Tem como você me explicar o que é isso? - ele entregou uma revista em minha mãos. Foi só aí que as coisas começaram a fazer sentido para mim.

- "Amizade colorida? É a libertinagem tropicalista: Bethânia e Gal exibem relação infame em dia de sol na praia de Ipanema." - li a manchete em voz alta, vendo a imagem logo abaixo, no momento em que estávamos no muro, nossas bocas se tocando, a mão de Bethânia em meu pescoço - mas o que é isso gente? Não é possível.

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