As Canções Que Você Fez Pra Mim

8. Eladissequemeama

POV GAL

Cantar com ela, ali, no terraço de casa, a música feita para nós duas, nos mínimos detalhes, me pareceu a coisa mais certa do mundo. Fazia um tempinho que havia acabado a letra, mas Bethânia, ainda de olhos fechado, dedilhava os acordes soltos da música no violão, como se não soubesse o que fazer dali em diante. Eu também não sabia, então fiquei a olhando.

Quando começamos a conversar, decidimos estar sem sono para subir e dormir. Pensando assim, deitamos na grama, com vista pro céu aberto.

- O que você achou? - perguntei. Adoro ouvir suas opiniões musicais - Da canção.

- Ela é literalmente a gente - Bethânia falou e soltou um riso nasal em seguida - Acho que eles se superaram dessa vez. Todos os versos me remetem àquele dia.

- O dia da praia?

- O dia em que quase nos beijamos.

Meu corpo retesou. Fiquei travada de repente. É engraçado como ela fala exatamente o que quer, o que sente e o que deseja. Eu nunca fui boa em deixar meus sentimentos às claras, sou mais do subentendido, das linhas miúdas.

- Er - aconteceu, estava sem jeito - Aquele foi um dia bom.

- Ah, você acha? Eu prefiro o dia do estúdio - A mulher fez questão de lembrar do dia em que me instigou para nada.

- NOSSA - soltei um suspiro pesado, lembrando do que ela me fez passar - Não, definitivamente não! Tem noção do quanto foi difícil ver você cantando naquele microfone, cheia de sorrisos, enquanto eu me contorcia por dentro. Você foi uma idiota descabida nesse dia.

Bethânia começou a rir, rir com vontade, sua risada parecia não ter fim. Eu cruzei os braços e fechei a cara. Em seguida, ela prontamente se apoiou com o cotovelo no chão para que conseguisse me olhar.

- Vou ter que assumir, foi esplêndido te ver morrendo de tesão, meu bem.

- Esplêndido? - inacreditável - Vai se foder, Bethânia!

- Sabe o que é mais engraçado? - ela colocou a mão no queijo, fazendo pose de pensador - É que realmente terminou o namoro com ele.

- Você é tão convencida! - Fiquei na mesma posição que ela, também a encarando - Está mesmo pensando que eu terminei com D'Marco para que pudesse ser tocada por você?

- Eu tenho absoluta certeza, Gal.

- Está muito enganada. Redondamente enganada.

Bethânia me olhou como se não acreditasse em uma palavra se quer do que eu havia dito. Levou sua mão até minha mão direita, que descansava em minha barriga, fez um carinho despretensioso e foi subindo, caminhando pelo meu braço e quando chegou lá em cima, voltou a descer. Pegou minha mão novamente, colocando-a para o lado, abrindo espaço. Foi sagaz em procurar a barra de minha blusa, adentrando e sentindo-se livre para explorar minha cintura. Eu suspirei pesado com o contato, pelo frio que fazia e pelo calor que sua mão carregava. Começou a apertar e precionar o local de leve, contudo aumentou a intensidade a medida que eu deixei escapar leves espasmos pelo corpo.

- Tem certeza? - ela perguntou com a boca próxima a minha - Se está tão certa disso, vou subir para meu quarto agora mesmo - cogitou se afastar.

- Mas nem pensar - segurei sua mão que ameaçou sair de minha blusa - Você vai ficar aqui e vai me beijar aonde quiser.

- Vou é? - provocou com a voz rouca. Ah, a sua voz rouca...

- Vai.

- Já tem algum lugar em mente? - ela indagou se aproximando ainda mais, se é que era possível.