Não preciso dele.

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5 Meses Atrás

Na vida de muitas pessoas aquela posição poderia ser um problema, mas na de Christopher Bang, era uma conquista. Ser filho único de pais muito bem sucedidos, herdeiro da maior rede de hotéis de toda Coreia do Sul, talvez de toda Ásia até, mas sendo criado com voz dentro de casa, muitos duvidavam de sua capacidade. Diferente de muitas famílias, o australiano fora criado de modo pacífico, sem problemas com os pais, sempre fora apoiado, escutado, e nunca sofreu a famosa pressão do herdeiro: "Um dia, isso tudo será seu, tenha em mente suas responsabilidades.", Chris escutava que não importava as escolhas dele, receberia todo apoio dos progenitores, e logicamente, agradeceu por ter uma família assim.

Acontece que o garoto queria aquela vida para si, o ramo dos negócios, cuidar da parte executiva, ser um empresário, e os comentários que escutara grande parte de sua adolescência foram um gás absurdo. Sempre que pessoas da área ficavam sabendo da criação do rapaz, questionavam sua capacidade, dando a entender que os pais não tinham nenhuma esperança nele, por isso, mostravam o que esses indíduos chamavam de "falso apoio". Sempre tinha vontade de mandar todos para bem longe, mas preferia deixar o tempo agir. E fora uma escolha bem inteligente do garoto, já que agora, com apenas 24 anos, tinha o cargo de dono do hotel mais popular de Seul. Ficara em uma fase teste por dois anos, para ver se era aquilo mesmo que queria para sua vida, e com números exorbitantes, conseguira quebrar até um record nos lucros anuais, o que para entendedores do negócio, era algo que chamava atenção. Bang Chan assim sorria, mas sorria sinicamente para todos aqueles velhos que duvidaram de si. E quer lugar melhor que a cerimônia da presidência para estar se sentindo vitorioso?

Muitos daqueles que o australiano lembrava ter duvidado de si, agora vinham o cumprimentar, o desejando parabéns pelo grande feito. Não queria se estender muito ou dar conversa, na realidade, só queria sair dali, ir para a casa, beber alguma coisa sozinho, comer e descansar, não era do tipo que tinha prazer em eventos, mas um daqueles, ele fez o esforço para se manter o mais interessado possível.

E a julgar pelos pensamentos do rapaz, os esforços que fez sozinho durante a vida, o reconhecimento que conquistou, tudo o fez um grande homem, mas ainda que seja mérito seu chegar onde chegou, tudo isso o despertou um grande defeito, que ele deveria aprender a lidar. E a prova disso, estaria na manhã da segunda-feira seguinte.

O final de semana após a cerimônia de sua presidência havia passado num pulo, mas Christopher não se importou muito com isso, nem se estava cansado, estava tão animado em finalmente trabalhar com o novo cargo. Não, não pense que o garoto era alguém exibido ou que ligava apenas para status, longe disso, era o que ele finalmente almejou durante grande parte da vida, claro que teria esse gostinho de vitória.

Ao chegar no grande prédio onde estava alocada a parte burocrática do negócio da família, o australiano fora cumprimentado por todos com um sorriso genuíno, e logicamente, o mesmo retribuía o ato, dando um bom dia, seguindo para sua sala.

Estranhara que no meio do caminho os pais estavam em uma sala com várias pessoas, de idades distintas, mas todas muito bem vestidas. Recebera um aceno e sorrisos dos progenitores, retribuindo-os, mas não se estendeu, seguiu a sua sala, o que quer que fosse, seria informado posteriormente.

Seguira sua rotina de checar os trabalhos que estavam em andamento, verificando status atuais das situações, estudando números, fazendo ligações, marcando encontros com sócios, o padrão de qualquer chefe responsável. Não era atoa que crescera tão rápido no ramo, diferente de muitos que contratavam prestadores de serviços para cada função e exigia resultados, Christopher colocava a mão na massa, aprendia por ele mesmo a fazer as coisas, gostava de estar ligado aos funcionários da empresa. Isso o fazia ser querido pelos contratados do negócio.

Imerso em suas tarefas, o garoto mal escutara quando pediram para entrar na sala, só percebeu quando seu pai estava ali, pedindo que um garoto entrasse. Bang o olhou, o rapaz devia ter mais ou menos sua idade, bela aparência, sorriso encantador, as bochechas levemente avermelhadas, talvez pela timidez do momento de ser apresentado a alguém. O chefe não podia estar mais admirado com tal forma. Admiração essa que foi se esvaindo ao ouvir quem era ele e o que faria.

- Chris, meu filho, esse é Lee Minho, o novo estagiário da empresa, seu secretário pessoal. Sua mãe e eu estávamos fazendo entrevistas e este rapaz fora o selecionado. Seu currículo é impecável, está se formando em relações internacionais e será de grande ajuda que trabalhem juntos, já que nosso próximo objetivo, é fazer o que você propôs. Expandir o negócio para Austrália também. - Naquele momento, o filho do embaixador não sabia se ficava feliz, pois era sua ideia posta em prática, ou se sentia um leve amargor na boca.

Como fora mencionado, com grandes conquistas pessoais, o australiano adquirira um péssimo hábito. Ele era individualista. Não, ele não tinha problemas com trabalho em equipe, era grato por todos que o ajudaram a conseguir seus feitos, o seu problema era justamente alguém em seu encalço, Bang tinha medo de que pudessem se sobressair, e no fim, achassem que só conseguira tais realizações, por ter suporte, ou terem feito por ele. Era o que menos queria.

A julgar pelo currículo que lhe fora entregue, o rapaz sentiu-se um tanto inferior. Lee Minho tinha um histórico impecável, cursos precisos, experiências em lugares chamativos para a pouca idade, ainda mais durante a universidade. Claramente, alguém dedicado ao trabalho e aos estudos. Tivera a atenção do papel roubada ao escutar a voz do dito cujo que sentia uma repulsa automática, mesmo que o garoto não tenha lhe feito nada.

- Será um prazer trabalhar com o Senhor. - Curvou-se em respeito e agradecimento. - Espero poder aprender muito por aqui e colher bons frutos. É uma honra para mim trabalhar com alguém com sua capacidade e experiência na área.

Apesar da educação, que ao ver do Bang parecia sincera, ele ainda estava com o pé atrás.

O mais velho ali saiu pouco depois, dizendo que os deixaria sozinhos para conversarem. E ali estavam ambos, um de frente para o outro, Minho sorrindo sem jeito, e Christopher com uma confusão interna de sentimentos. Seu único pensamento era:

"Por que esse infeliz tem de ser tão bonito e com um perfil profissional tão impecável?"

O australiano teria que rebolar muito para aprender a lidar com os próprios conflitos internos.

E como rebolaria...

O estagiário e o chefe. - MinChanOnde histórias criam vida. Descubra agora