CAPÍTULO 11: Segunda proposta

46 13 36
                                    

Camila

De certa forma me acostumei a calmaria desse lugar e a presença reconfortante de Cheng Rui, o cara tinha o molho e todos os complementos, me prometeu que apenas viveríamos esses cinco dias em paz, e estava cumprindo sua promessa.

Já era o terceiro dia desde que a contagem se iniciou, com isso eu tinha a segunda carta em mãos. Ele a deixou dentro de um envelope no quarto que eu dormia, que mais tarde descobri ser o dele, e para tentar desvendar os segredos desse homem, estava sentada sozinha num pavilhão pequeno ao ar livre, ficava no Jardim daquele dragão dividido em três, da história que me contou.

— Hoje ele fala sobre o meu cabelo, e do jeito que movo as mãos. — Continuei passando os olhos pela letra bonita, o papel era de luxo, tinha cheirinho também. — Eu sei que sou mal humorada com fome, não precisa rir. — Resmunguei alto, não conseguia parar de ler. — Quantas vezes mais vai dizer que sou bonita?

O que estava escrito era de uma melosidade sem tamanho, mas ele sabia usar as palavras. Guardei a carta de volta ao envelope e fiquei pensando no que iria fazer com tudo isso. Estava na cara que ele sentia alguma coisa por mim, ou se fosse mentira ele atuava bem de mais.

Me deitei sobre o que deduzi ser uma cama de pedra, o que também poderia ser uma mesa, liguei o meu celular e fui procurar um dorama para assistir, mesmo com o catálogo bem abrangente e uma lista de séries pela metade, não senti vontade alguma de ver algo.

Terminei por colocar no meu app de música, queria poder fantasiar com o que eu nunca podia ter, voltar para a realidade depois de ver que tudo isso que eu estava vivendo e não passava de uma fatídica sorte que logo iria se acabar, uma trilha sonora foi ótima para me deixar ainda mais melancólica.

Meus olhos se perderam na figura da garota que estava na minha cola desde a noite anterior, ela se mantinha ao longe, usava roupas recatadas e era bonita como um anjo, apesar da cara sempre séria e tensa. Parecia ser algum tipo de empregada, talvez uma designada a ficar de olho em mim, já que ela nunca tentou de aproximar ou falar comigo.

— Estou com tédio. — Virei de barriga para cima enquanto reparava no teto do pavilhão, encantada pela a arquitetura de época, as telhas era tão grossas, pintadas de um vermelho mais aberto. Meu conciente não conseguiu conter os pensamentos insistentes, minha boca se moveu sozinha. — Por que ele teve que trabalhar justo hoje? Se tédio matasse eu estaria apodrecendo. — Reclamei mais um pouco, isso era horrível, queria fazer alguma coisa.

Eu poderia ir na casa do Wei.

Pelo o pouco que eu sabia sobre esse lugar, os seguranças do Cheng também moravam nas motanhas, antes de chegamos aqui depois daquela viagem de carro eu vi algumas casas pelo caminho mais abaixo.

— Melhor do que ficar aqui. — Me levantei com toda a preguiça do mundo, encarando minhas pernas depiladas no shortinho que eu usava, coloquei uma camisa de mangas compridas porque eu sentia mais frio no peito e na barriga do que qualquer outra parte do corpo. — Essa roupa não é ruim, estou descente.

Catei meus chinelos e minha bolsa com o pandinha que o Rui nomeou de Yin Ming Xing quando insisti para que batizasse ele. Por preguiça ele disse que o maior era o doutor e o menor o senhor, só assumiam indentidades diferentes, mas não satisfeita com o nome dos meus presentes, dei apelidos para diferencia-los; dr. Minxin; sr. Xingilin.

— Será que me perdi? — Olhei para os edifício vazios ao redor, eu só fui na entrada uma vez também, não me lembrava direito o caminho. —Caramba, o calçamento daqui dá de dez a zero no da minha cidade. — Olhei para as pedras alinhadas e sem qualquer relevo que fosse me fazer tropeçar.

BicolorOnde histórias criam vida. Descubra agora