Fazenda e cidade

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🌻

Quando era pequena Haley gostava de brincar com sua irmã Emily uma brincadeira para decidir qual o futuro de cada uma com papel, caneta e opções totalmente opostas como por exemplo "casar com um homem rico e ter dois filhos" e "não se casar e morar num quartinho sujo na pequena cidade para sempre".

Aos doze anos ela pensava que aquilo poderia se tornar realidade um dia, que ela se casaria com um homem de boa família, com um bom emprego e seria uma esposa troféu que ficaria em casa e cuidaria dos filhos.

Aos quinze anos aquela perspectiva de vida começou a não lhe fazer tanto sentido, vendo as brigas constantes de seus pais e o jeito que a divergência entre eles afetava também as filhas, Haley começou a duvidar se queria mesmo se casar.

Com dezesseis perdeu sua virgindade com seu segundo namorado. Ele adorou, mas para ela foi um desastre, o que a fez terminar o namoro no último dia de aula naquele ano.

Passou os últimos anos de sua vida se relacionando com um homem e com outro já sem esperanças de que um dia encontraria alguém que realmente a fizesse sentir vontade de casar e ter filhos.

Não conseguia se imaginar casada com um homem, construindo uma família com um homem.

E achava que o problema estava totalmente nela.

Quando os lábios de Lucy se afastaram dos seus e a fazendeira a encarou com aquele olhar sereno, os lábios vermelhos e um meio sorriso bobo como se tivesse acabado de ganhar um presente que tinha esperado o ano todo. Haley teve certeza que o problema estava nela, mas não necessariamente era um problema.

Não era um problema.

— Isso foi surpresa para mim — sussurrou Lucy passando as mãos pelas costas da loira — Uma surpresa boa

Haley não sabia o que falar, não tinha pensado nisso antes de beijar a mais velha. Na verdade tinha muito o que dizer, mas não fazia ideia por onde começar nem como explicar tudo para Lucy.

— Me desculpa — se afastou fazendo com que Lucy soltasse sua cintura

— Não precisa se desculpar, eu queria isso — com calma Lucy riu tentando tranquilizar a loira — Eu queria isso a muito tempo, só não sabia se você queria também

— Eu acho que sempre quis. Não sabia como fazer e nem se você sentia o mesmo por mim, tem tanta coisa que eu ainda não sei explicar — abaixou a cabeça encarando suas mãos, suas bochechas estavam quentes e sua cabeça voltou a doer lhe deixando tonta

— Vamos tomar um café da manhã e você tenta me explicar o que está acontecendo, posso te ajudar a entender tudo se esse for o caso — Lucy segurou em sua mão fazendo um carinho ali

Haley queria agradecer a Deus, a todos os anjos e santos (se eles realmente existissem), por eles terem colocado Lucy em sua vida. Ela era tão perfeita e compreensiva que a mais nova tinha medo de a magoar em algum momento.

Seguiram juntas para a cozinha enquanto Lucy mostrava a casa que antes era do seu avô para Haley, era uma casa grande e aconchegante, tinha o mesmo papel de parede claro em todas as paredes e a mais nova julgou que precisava de uma reforma já que em alguns pontos da casa o piso tinha rachaduras e as paredes pareciam um pouco úmidas. Mesmo assim a casa parecia um bom local para se viver, a cozinha era arejada e mais moderna que o resto da casa, tinha uma mesa de seis cadeiras no centro onde Lucy indicou que Haley sentasse enquanto ela preparava o café da manhã.

Segundo Lucy sua ajudante que preparava suas refeições e cuidava da casa ainda não havia chegado, então a morena se prontificou em preparar o café da manhã deixando Haley maravilhada com sua desenvoltura na cozinha. Lucy serviu um café forte primeiro para já ir amenizando a ressaca da amiga.

Hundred Boys in BarsOnde histórias criam vida. Descubra agora