Can you forgive me?

Capítulo 10 - Lembrança

O ar estava pesado com a tensão que pairava sobre a casa de Lorraine e Ed. Cada sombra parecia esconder uma ameaça, e o silêncio era interrompido apenas pelo eco dos passos determinados do casal. Lorraine e Ed estavam em uma missão, uma busca desesperada por ajuda para enfrentar a escuridão que os cercava.

Com a bailarina de porcelana destroçada no chão como um lembrete sombrio do perigo iminente, eles deixaram para trás a segurança de sua casa. Mas antes de seguirem para a casa do Padre Gordon, como tinham combinado, precisavam garantir a segurança de sua filha. Judy estava com a mãe de Lorraine, Georgiana, e o casal precisava vê-la, assegurar-se de que ela estava segura e explicar a gravidade da situação.

Ao chegarem à casa de Georgiana, foram recebidos pela mulher idosa, que os abraçou com preocupação visível. Judy, uma adolescente de cabelos castanhos claros e olhos brilhantes, veio ao encontro dos pais, claramente preocupada.

– Mãe, pai, o que está acontecendo? – perguntou Judy, tentando manter a voz firme. A adolescente sabia que algo estava errado. A iodosa permaneceu em um canto do cômodo central, apenas observando a cena, visivelmente preocupada. 

Lorraine ajoelhou-se diante da filha, segurando suas mãos com firmeza. Lágrimas ameaçavam a rolar por seu rosto enquanto ela tentava encontrar as palavras certas, mas se manteve firme.

– Judy, há um grande mal atrás de nós, um demônio poderoso. Está tentando nos ferir, e nós precisamos fazer tudo o que pudermos para protegê-la. – Lorraine puxou Judy para um abraço apertado, as lágrimas silenciosas molhando seus ombros.

Judy afastou-se ligeiramente, seus olhos arregalados com uma mistura de medo e curiosidade. – Me proteger? Esse demônio... Ele está atrás de mim?

Lorraine segurou o rosto de Judy entre as mãos. – Judy, precisa confimar em nós. Não vamos deixar nada acontecer com você.

Judy ameaçou chorar, caindo de joelhos no chão, como se estivesse desolada. – Mãe, você não respondeu a minha pergunta! Ele está atrás de mim? Por quê? O que eu fiz de errado? 

Lorraine engoliu em seco, suas mãos tremendo levemente enquanto segurava as de Judy. 

Antes que a clarividente pudesse responder, Ed se ajoelhou ao lado de Lorraine. – Sim, filha. Ele está atrás de você. Mas não se preocupe. Vamos fazer de tudo para mantê-la segura. Nós vamos resolver isso, ok? – A voz de Ed era firme, cheia de convicção. 

– Agora... Preciso te fazer uma pergunta importante. Você já tocou naquela boneca de porcelana da sala de artefatos? – Ed questionou a filha com um olhar sério e nervoso.

– Não, pai, eu não... Eu nunca toquei em nada lá. Eu juro! Eu sei que são perigosos! – Judy disse, a cada palavra, lágrimas de nervosismo escorriam por suas bochechas. Ela soluçou.

– Tem certeza, filha? Não se lembra de nada relacionado àquela bailarina de porcelana? – Loraine prosseguiu. A clarividente observou atentamente o rosto de Judy, buscando qualquer sinal de hesitação ou memória surgindo em sua expressão.

Judy parou por um momento, seus olhos vagando enquanto mergulhava em suas lembranças mais antigas.

– Droga... A bailarina... Na verdade, está me vindo algo. Foi anos atrás, quando eu tinha uns sete anos de idade... – Judy murmurou, suas palavras tremendo levemente enquanto as lembranças começavam a emergir das profundezas de sua mente. Ela fechou os olhos por um momento, como se tentasse afastar a lembrança dolorosa que se aproximava.

– Naquela noite, vocês estavam fora fazia uma semana e eu desci até a cozinha tomar um copo de água... Depois eu fui até o escritório de vocês, pois estava com saudade, e sentei na poltrona do papai, enquanto via a foto de vocês no porta-retrato. – Cada palavra de Judy era um eco distante, como se estivesse revivendo aquele momento com uma clareza vívida e perturbadora. Ela podia sentir o chão frio sob seus pés pequenos e a nostalgia do abraço reconfortante que a poltrona de seu pai costumava oferecer.