Complicações - Lizago

☆ 5. Noite ☆

Eʟɪᴢᴀʙᴇᴛʜ's ᴘᴏᴠ 🧫

A dor havia começado junto com o quinto episódio da série que estávamos maratonando.

Como toda vez a dor sempre começava leve, fraca, fácil de suportar.

Mas com o tempo, sempre ia piorando.

Acesso memórias que não gostaria de lembrar tão cedo.

Noites no meu antigo apartamento, a dor insuportável como se alguém estivesse perfurando meu coração em uma sala cirúrgica sem anestesia são revividas em minha mente antes que eu possa impedir, hospitais dos mais diversos qualquer um que estivesse mais perto no momento e uma pessoa que sempre esteve do meu lado em todos esses momentos sem excessão.

A expressão preocupada dele, sua voz reconfortante dizendo que ia ficar tudo bem, que eu era forte, que eu ia superar tudo isso inunda a minha mente como água em uma enchente.

Eu não posso chorar. Penso. Não agora, eu posso lidar com isso sozinha.

Quanto mais os episódios se passam mais a dor aumenta e a minha vontade de chorar também. Eu aprendi a segurar o choro nessas situações para não preocupar o resto das pessoas a minha volta mas sinto que estou prestes a quebrar a qualquer hora.

Finalmente após umas três horas, duas da manhã, todos começam a fechar seus olhos e se entregarem ao sono, menos eu.

Desligo a tv com cautela e me deito ao lado de Thiago que já não está mais com o corpo colado no meu. Me sinto um pouco triste porém aliviada com isso.

A dor apenas aumenta e eu penso em pegar um remédio mas lembro que terei que passar por Joui e consequentemente acordá-lo, então não o faço, ele ficaria preocupado e eu definitivamente não quero isso.

Finalmente, começo a chorar baixinho por conta da dor no peito que apenas aumenta.

Tento pensar em como voltei a senti-la mas essa resposta não aparece na minha mente por hipótese alguma.

Chorei tanto que nem percebi os braços quentes de Thiago envolvendo meu corpo em um abraço.

Já dormi agarrada com ele muitas vezes especialmente quando namorávamos é confortável, me traz memórias boas.

Mesmo com a breve felicidade a dor piora e o choro fica cada vez mais difícil de se manter baixo.

Abafo o barulho com um travesseiro por um tempo e depois não aguento e coloco a mão no peito apertando minha camisa enquanto respirar fica cada vez mais difícil e a dor insuportável toma conta de todos os meus sentidos.

Minha visão fica turva, minha audição confusa, não sei se meus lamentos estão altos ou não então por precaução tampo minha boca com a mão livre que rapidamente é tirada por uma segunda mão mais forte porém de forma gentil.

- Dor? - pergunta calmamente olhando em meus olhos.

Assinto ainda chorando muito.

- Deita aí um pouco e agarra essa almofada aqui. - ele me entrega o objeto. - Eu já volto.

Assim que ele começa uma manobra mirabolante para sair do sofá sem pisar em ninguém minha visão que já estava turva fica preta, a tontura em meu corpo faz todos os meus sentidos se apagarem...

Desmaio instantaneamente.

ᴛʜɪᴀɢᴏ's ᴘᴏᴠ 🚬

Alguns segundos antes...

Acordo com alguns barulhos estranhos ao meu lado enquanto tento processar a situação atual, por conta do sono.

Aparentemente, eu acabei abraçando a Liz enquanto eu estava dormindo (que vergonha meu deus) e ela está chorando agora.