Prólogo

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Eu me encontrava dentro daquele armazém abandonado, onde o cheiro de ferrugem e umidade impregnava o ar, tornando-o quase sufocante. As sombras dançavam ao ritmo da luz fraca de uma lâmpada oscilante, e o silêncio pesado era interrompido apenas pelos gemidos de dor dos meus oponentes e os passos furtivos do meu perseguidor. Eu estava encolhida atrás de um armário sucateado, que havia se transformado em meu escudo durante o tiroteio. Em algum momento durante uma luta corpo a corpo eu fui esfaqueada um pouco abaixo da cintura e sentia uma dor aguda, e eu tentava desesperadamente estancar o sangramento. Depois de introduzir o objeto pequeno, um chip, sob minha pele.

Chegamos à missão apenas em quatro, esperando que fosse um serviço rápido, contávamos com a vantagem do elemento surpresa. Mas as coisas não saíram como planejado. Quando invadimos o local, fomos confrontados por um número maior de oponentes do que esperávamos, todos prontos para nos enfrentar. Vi meus companheiros caírem um a um, mas não sem antes infligirem danos consideráveis e permanentes aos nossos inimigos. Éramos uma equipe bem treinada, executando ataques calculados e sincronizados. Alguns inimigos fugiram ao perceberem que, apesar da desvantagem numérica, não poderiam vencer soldados tão bem treinados como nós. Os últimos tiros se dissiparam pelo local, e eu fiquei alerta para o que viria a seguir, mas não tive tempo para agir, pois logo senti meu corpo sendo erguido pelos ombros.

O ar foi expulso dos meus pulmões quando meu corpo foi brutalmente jogado ao chão. Um homem, duas vezes maior do que eu, me dominou sem nenhum esforço. Ele montou sobre minha cintura e me prendeu ao chão com seu peso e suas mãos ao redor do meu pescoço. Por um instante, pensei que talvez estivesse tudo bem morrer naquele momento. Talvez essa fosse a minha sina desde o início, uma vida presa na linha tênue entre a vida e a morte.

— Morra logo, sua vadia desgraçada, — rosnou o homem, batendo minha cabeça no chão com força, era um dos capangas de Vernon. Minha cabeça latejava, meu rosto adormecia pela falta de ar, mas meus instintos de sobrevivência entraram em ação. Minhas mãos procuraram freneticamente por algo para me defender. Agarrei a primeira coisa que encontrei e desferi golpes na cabeça do homem, repetindo-os até que ele se desequilibrasse. Inverti nossas posições, dominando-o, e com uma faca escondida na minha bota, cortei-lhe a garganta sem hesitação.

O sangue jorrou, tingindo meu rosto e minha camiseta em uma cena macabra. Olhei nos olhos verdes da minha vítima, que expressavam incredulidade diante do inevitável. Era irônico como os homens sempre subestimavam uma mulher, apesar da minha reputação.

— Boa viagem para o inferno, querido, — murmurei enquanto observava a vida se esvair de seus olhos.

Levantei-me de cima dele após minha respiração se regularizar, sentindo o corte no abdômen repuxar e sangrar mais com o movimento. Ouvia a movimentação do lado de fora do barracão. Rapidamente, guardei a faca na bota e peguei uma arma de um cadáver próximo. Tiros ecoavam ao longe, então me escondi atrás de uma pilastra, ainda tentando estancar o sangramento com a mão livre.

— Kalsey! — A voz de Peter cortou o ar, e um alívio momentâneo me invadiu. Não morreria num buraco no meio do nada, afinal. Mesmo que alguns minutos antes eu quase desejasse isso. Minhas pernas perderam as forças e eu escorreguei pela pilastra.

— Aqui! — Usei o restante das minhas forças para gritar antes que a escuridão me engolisse.

Despertei com um clarão ofuscante e um barulho ensurdecedor atordoando meus sentidos. Senti meu corpo sendo projetado pela força gravitacional da explosão, com Peter tentando me proteger, envolvendo seu corpo ao redor do meu. Rolamos pelo terreno arenoso onde o barracão de metal se localizava. Uma dor alucinante envolveu minha cabeça, e imediatamente meu corpo colapsou. Senti meus músculos se enrijecerem, meu corpo entrando em choque. Era como se estivesse levando um choque elétrico constante, me debatendo contra o chão incontrolavelmente. Minha visão começou a se turvar, e antes de perder a consciência novamente, senti meu rosto sendo molhado por algo, talvez sangue, talvez suor.

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