Capítulo 2

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Assim que saímos do elevador no estacionamento do aeroporto de Boston, Ethan jogou a chave de um carro para mim. Quando senti o formato familiar, comprimi os lábios, tentando segurar o sorriso e mordendo com força o interior da bochecha. Não queria transparecer minha felicidade momentânea, mas ao apertar o botão para destravar e ver o automóvel, meu coração bateu mais forte. A silhueta elegante e agressiva do carro é uma verdadeira obra-prima da engenharia automotiva. Os faróis afilados em led davam ao carro um olhar penetrante, quase predatório, que piscou para mim. Eu sorri, sorri tanto que minhas bochechas magoadas doeram.

— Porra! Não acredito. —Era um dos carros favoritos de Peter, e ele nunca me deixou pegar, apesar de saber que eu era obcecada pelo carro.

— Encare como um pedido de desculpas por ter te matado. — Ironizou, sabia que o pedido era de Peter; preferia que ele me pedisse pessoalmente. Ele não era dado a sentimentalismos, nem eu, mas adoraria vê-lo implorar pelo meu perdão. Mas isso não aconteceria. Por ora, eu teria que me contentar com o carro.

A pintura era prata brilhante, destacando as curvas fluidas e o perfil baixo do carro. As rodas douradas adicionavam um toque de sofisticação e esportividade, contrastando perfeitamente com a carroceria. Era uma versão limitada e ainda mais focada no desempenho. Fico arrepiada de ansiedade para dirigir e correr com ele.

— É meu? — Queria ter certeza. Ele confirmou de leve com a cabeça. Ao entrar, o interior luxuoso não decepciona nunca, não importa quantas vezes eu entre. Quando sentei minha bunda nos assentos de couro vermelho, o painel digital com todas as informações essenciais e os detalhes reforçaram que meu bebê não é apenas sobre velocidade, mas também sobre a experiência total de dirigir. Me senti poderosa outra vez. Liguei e acelerei o carro no lugar, ouvindo o motor gritar. Ethan se juntou a mim no passageiro, passando o cinto de segurança com um olhar provocativo de medo.

— Tá com medo de morrer, conselheiro? — Testei usar minha voz ameaçadora, mas saiu muito mais provocante pela minha animação. Pisei no acelerador, testando a sensibilidade e os freios antes de arrancar com tudo, fazendo os escapamentos duplos ecoarem um som que era algo fora deste mundo. Assustando algumas pessoas ao redor, o que me fez rir um pouco. Assim que saímos do labirinto de carros do aeroporto, fui recepcionada pelo sol brilhante atrapalhando minha visão. Fui cutucada por Ethan, que passou meus óculos de sol. Peguei erguendo as sobrancelhas para ele, era meu, como ele tinha pegado isso?

— Peter me deu as chaves do seu apartamento, contratamos uma equipe para organizar sua mudança para cá. — Ele explicou enquanto eu colocava os óculos e prestava atenção no trânsito. Me senti desconfortável em saber que desconhecidos fuçaram meu apartamento em Nova Iorque, mas não demostrei isso. — Já está tudo arrumado, achei que precisaria disso. — Deu um sorriso estalando a língua. — Vamos parar no shopping, precisamos dar um jeito em você. Não pode chegar lá com essa cara de que acabou de sair de um filme de terror. — Revirei os olhos, agora ele vai brincar de boneca comigo. Peter sempre enviava seu conselheiro para me preparar antes das missões de disfarce, parecia apreciar seu gosto pra moda feminina e nossa relação amigável, já que era bem difícil eu ser assim com os demais. Acredito que por ter sido criada por diversos tutores, um mais frio e distante que o outro, minhas habilidades sociais se resumem as minhas aulas linguagem corporal e teatro.

— Como está o corte no abdômen? — Perguntou.

— Os pontos estão cicatrizando, logo vou tirar eles. — Respondi com um tom despreocupado, para que ele não se alongasse no assunto, tinha perguntas mais importantes. — Afinal de contas, quem é esse Alecxandre Novak? O que ele tem a ver com a máfia e qual o interesse do Peter nele? — Questionei sem rodeios, não aguentava mais as incógnitas passeando na minha mente.

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