IMPERVIOUS

Capítulo 5

Removi cuidadosamente os pontos secos do corte no meu abdômen, cuidando especialmente da área que havia estourado durante o trote e começava a inflamar pela falta de cuidado. Tomei um analgésico para a dor de cabeça que me atacou assim que meu corpo parou de liberar adrenalina. Vesti uma roupa leve e casual e deixei o cabelo secar naturalmente depois de passar uma camada generosa de creme. Precisava de mais informações sobre esse pessoal.

Delicadamente, abri o guarda-roupa e o fundo falso, verificando se Sarah havia se movido desde que deitou. Ela não tinha se mexido um milímetro. Peguei uma arma, uma faca pequena e o notebook, fechando tudo rapidamente. Guardei as armas na gaveta da escrivaninha e me acomodei na cadeira, enrolando-me em uma manta cor de rosa. Comi dois dos sanduíches que Alec trouxe e deixei um para quando Sarah acordasse. Estava exausta, mas não queria dormir. A possibilidade de acordar gritando com Sarah ao lado me desagradava tanto quanto sonhar com meu passado de novo. 

Liguei o computador e procurei na lista de contatos por CrypticVortex, pseudônimo de um hacker que trabalhava para mim. Mandei um e-mail com os nomes que deviam ser investigados e recebi a confirmação em segundos. Nunca descobri sua identidade, mas ele era eficiente e sempre disponível. A tela do notebook brilhava na escuridão do quarto, e eu podia ouvir a respiração tranquila de Sarah ao fundo.

Meu celular vibrou com a ligação de um número desconhecido. Mordi a bochecha com tanta força que o gosto de sangue encheu minha boca. Minha cabeça estava explodindo; a última coisa que eu precisava era lidar com a intensidade de Peter agora. A ligação caiu, mas ele voltou a ligar novamente. Respirei fundo e atendi, ainda receosa. Com certeza algum de seus informantes o havia avisado sobre os últimos acontecimentos, e eu não sabia qual seria a reação dele. Esperava que fosse uma reprimenda leve.

— Planejava não atender? — A voz fria de Peter soou pelo telefone. Não respondi. — Poderia me explicar o que aconteceu, meus informantes avisaram sobre uma briga que envolveu a polícia. 

Eu podia sentir meu coração acelerar. Não era comum que Peter ligasse diretamente, a menos que fosse algo sério.

— Sim, houve um... incidente. — Respondi, tentando manter a voz firme. — Mas já está sob controle.

— Incidente? — Ele repetiu, a frieza na voz mais evidente. 

— Dois traficantes atacaram Alecxander e seu amigo Kevin. —  Expliquei. Houve uma pausa longa e tensa.

— Muito bem. — Ele finalmente respondeu, sua voz mais calma, mas ainda carregada de autoridade. — E porque se meteu?

— Alecxander está desconfiado de mim, achei que seria uma boa oportunidade de me infiltrar no grupinho deles. — Respondi, avaliando se foi uma boa ideia.

— Qual o motivo da desconfiança? —   A voz de Peter era incisiva, como se ele estivesse analisando todas as possibilidades.

Revirei os olhos, embora soubesse que ele não podia ver minha reação. — Alguma coisa sobre reconhecer a falta de emoção em meus olhos e eu ser uma péssima atriz.— Eu não queria parecer insegura, mas a verdade era que eu ainda não sabia ao certo o que havia desencadeado a desconfiança de Alexander.

— Avisei o Ethan que não daria certo instruir você a ser boazinha, não faz o seu estilo. Só seja você mesma. — Incentivos positivos de Peter era a ultima coisa que eu esperava, e uma atitude completamente nova na minha listas de vários nadas que ele me concedeu durante os últimos anos. tanto que não consegui levar a serio e respondi com ironia. 

— Não acho que eles gostariam de me cortando suas gargantas e os insultando no processo. — Incrivelmente ele riu, foi rápido e contido, mas ele riu.