capítulo 8

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Narrador

Um vasto campo coberto de neve se estendia diante de Asta, uma paisagem mental que ele conhecia bem. O frio da neve parecia se infiltrar em sua consciência, mas, estranhamente, não o incomodava. A memória daquela noite gélida, em que recuperou o colar de Yuno do homem bêbado, sempre o acompanhava. Era o dia em que ambos prometeram rivalizar um com o outro, decidindo que apenas um deles poderia se tornar o Rei Mago. Mesmo com a dor dessa lembrança, a neve branca ao seu redor proporcionava um conforto inesperado, uma sensação de paz que Asta aceitou sem hesitar.

— Parece que usar minha magia ainda é muito para o meu corpo... ou talvez eu tenha usado energia mágica demais. Se eu treinasse mais a resistência do corpo à magia, em vez de apenas ao meu físico, talvez conseguisse superar isso — murmurou, sentado na neve. O lugar não era tão frio quanto parecia; a temperatura era amena, refrescante, especialmente quando comparada ao rigor do inverno em Hage. Ele se permitiu relaxar, sentindo a leve brisa acariciar seu rosto e os flocos de neve dançarem ao seu redor.

Ele fechou os olhos, tentando se conectar com sua energia mágica. Sentiu-a pulsar dentro de si, mais forte e inquieta. O reconhecimento de que sua mana poderia estar no nível de um nobre trazia um brilho de esperança. A ideia de que isso aumentaria suas chances de ser aceito nos Cavaleiros Mágicos era uma motivação poderosa. Ele havia sonhado com isso desde que era criança, e agora, mais do que nunca, estava determinado a tornar esse sonho uma realidade.

— Éter... — um sussurro ressoou na quietude ao seu redor. A voz era quebrada e distante, como se ecoasse de uma realidade além da sua. Era uma presença enigmática, quase etérea, que parecia preencher o ar gélido ao seu redor.

Asta piscou, aturdido, olhando ao redor. A vastidão da neve não oferecia respostas, apenas um silêncio imperturbável, como se a própria paisagem estivesse escutando seus pensamentos.

— O que foi isso? — perguntou, a confusão se mesclando com um leve toque de ansiedade. Ele sempre soube que sua mente poderia ser um lugar caótico, mas ouvir vozes? Isso parecia um novo nível de estranheza.

— Sua energia mágica... se chama Éter — a voz ecoou novamente, mais clara, como se quisesse guiá-lo em meio à sua confusão.

— Sério? Agora estou ouvindo vozes? — Asta se questionou, uma onda de incredulidade invadindo seus pensamentos. “Isso pode ficar ainda mais estranho”, pensou, soltando um suspiro. Mas a verdade era que, ao menos naquela paisagem mental, o tempo parecia se estender, e logo ele despertaria.

— Obrigado pela informação, eu acho... — respondeu, fazendo uma leve careta. Enlouquecer parecia uma hipótese cada vez mais plausível. No entanto, em vez de se deixar abater, Asta decidiu se concentrar no Éter que a voz mencionou e tentar manifestar sua magia.

Sentindo uma leve ardência na mão direita e na ponta dos dedos, ele ergueu a mão. Diante de seus olhos, a chama que antes havia utilizado para criar a estrela começava a brilhar, agora com uma luz branca intensa, quase ofuscante. Asta respirou fundo, tentando moldar a chama. Se a voz estava certa, talvez isso ajudasse a passar o tempo.

Concentrando-se, ele tentou criar um pequeno animal — um pássaro como os muitos que observou nos crânios dos demônios. O processo não foi fácil; a chama era instável, reagindo de forma rebelde à sua vontade. Com esforço e paciência, após um longo tempo de concentração, ele finalmente conseguiu: um pequeno pássaro, que lembrava uma águia, de plumagem branco-perolada, surgiu diante dele.

— Pelo menos consegui! — exclamou, um sorriso se abrindo em seu rosto. A sensação de realização era inebriante. — Mesmo que tenha demorado, isso mostra que mais foco e esforço farão a diferença. Treinei meu corpo, mas agora é a magia que precisa de mais treino.

Ele observou o pássaro começar a voar, sua beleza e leveza iluminando a paisagem ao seu redor. O pássaro parecia dançar entre os flocos de neve, sua presença trazendo uma vida nova àquela paisagem inerte. Por um momento, Asta se esqueceu de suas preocupações. Sua magia, que muitas vezes parecia um fardo, agora revelava-se como uma forma de expressão e criação.

Determinando-se a expandir seus limites, ele voltou a se concentrar, esforçando-se para intensificar a chama em sua mão. Com uma nova dose de determinação, Asta moldou a energia mais uma vez, tentando criar uma estrela semelhante àquela que usara em seu feitiço anterior. O processo fluiu de forma mais natural, como se a magia estivesse respondendo à sua vontade com mais facilidade. Era como se, ao se conectar com o Éter, ele tivesse desbloqueado uma nova camada de potencial dentro de si.

Quando a estrela finalmente tomou forma, irradiando um brilho intenso e encantador, Asta não conseguiu conter um sorriso. A luz da estrela dançava como um reflexo do próprio sol, iluminando a neve ao seu redor com uma beleza indescritível. Era surpreendente como sua magia se manifestava de maneira única, refletindo não apenas suas intenções, mas também sua essência. Cada movimento que fazia, cada centelha de Éter que manipulava, parecia contar uma parte de sua história.

— Eu não sou apenas um garoto sem magia — disse a si mesmo, o fervor crescendo em seu peito. — Sou Asta, e minha jornada está apenas começando.

Ao olhar para a estrela que criara, Asta sentiu uma onda de confiança percorrer seu corpo. Ele entendia que cada passo, cada falha e cada sucesso moldavam não apenas suas habilidades mágicas, mas também o seu caráter. A magia não era apenas uma ferramenta, mas uma extensão de quem ele era, de seus sonhos e aspirações.

Nesse momento, a neve ao seu redor começou a desaparecer, substituída por uma onda de calor reconfortante. O brilho do Éter envolvia seu corpo como um manto protetor, fazendo-o sentir-se mais forte, mais preparado para o que estava por vir. Ele sabia que, quando despertasse, não seria apenas um aspirante a mago, mas um verdadeiro mago, pronto para enfrentar os desafios que o aguardavam.

Refletindo sobre tudo isso, Asta percebeu que, para alcançar seus objetivos, precisaria se dedicar ao treinamento tanto físico quanto mágico. Ele estava determinado a aprimorar sua habilidade e resistência, não apenas para ser aceito nos Cavaleiros Mágicos, mas para se tornar alguém digno do título de Rei Mago. E assim, com uma determinação inabalável, ele se preparou para dar o próximo passo em sua jornada, ciente de que, independentemente das dificuldades, sempre poderia contar com a força do Éter que habitava dentro de si.

Ao abrir os olhos, Asta estava de volta à realidade, ele estava de volta a hage mas sentia-se diferente. Havia uma nova luz em seu olhar, uma nova força em seu coração. Ele sabia que o caminho à frente seria difícil, mas estava pronto para enfrentar qualquer desafio. Afinal ele seria o Rei mago um dia.

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⏰ Última atualização: Oct 28 ⏰

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