Cecília Ricciardi Ferreira era conhecida pelo seu olhar obscuro e marcante. A metade dos homens que conheciam a herdeira se apaixonaram logo após encontrarem aqueles pares castanhos.
Não seria diferente para o jogador que seu marido treinava.
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Cecília
— Onde você estava? — o jogador perguntou, com o semblante preocupado parado na porta.
— Fui me encontrar com advogado. — digo, entrando em sua casa deixando minhas coisas na mesa da sala de estar.
Percebo que ele ainda continua paralisado no meio do corredor próximo a porta segurando o seu celular com certa firmeza.
— O que? — pergunto, confusa.
— Não sei. — ele sussurrou, virando o seu corpo ficando na minha frente. — Eu achei que tinha voltado para casa.
Seus olhos meio esverdeados me olhavam com ternura.
— Não tenho casa, você sabe.
— Pra ele, Cecilia. — Piquerez corrigiu, com certa dificuldade.
— Estou vivendo aqui há quase três meses, por que voltaria agora? — pergunto, encarando seus olhos que pareciam completamente perdidos.
— Eu não sei. Só fui procurar você e não te encontrei. — ele disse, se aproximando. — Só fiquei com medo de algo ter acontecido.
— Estou bem, Joaco. — digo, também me aproximando do jogador o suficiente para abraçá-lo. — Por sua causa.
O uruguaio fortemente correspondeu o abraço, por um milagre não viramos um corpo só. Seu toque era firme e carinhoso me deixando certamente vulnerável.
— Tenho sonhado com você indo embora. — ele murmurou, com sua cabeça deitada em meu ombro. — Sonhando com você voltando pra ele. Não aguentaria perder a minha amiga assim...
Amiga.
Ele não mentiu.
Depois daquele acidente na sala, nunca mais ele tentou algo daquele tipo. Era respeitoso, também não trazia ninguém nem mesmo em suas noitadas. Mesmo que seus olhos tenham desejo suas ações eram completamente diferentes.
Todo esse cavalheirismo, me fazia querer ele. Querer era pouco. O meu desejo era tomar não apenas o seu corpo, mas também a sua alma.
— Não voltaria para ele. — digo, honestamente.
Me afasto do seu corpo, antes que perdesse a cabeça.
