Sem Amarras ໑ ꕤ [+18]

É você

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ılıılıılıılıılı - Stream em Right Place, Wrong Person.

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Era eu. Aparentemente era eu que todos os seus amigos já conheciam mas ele não conseguia nem apresentar sem ter um congelamento. Ela me estendeu a mão por sobre a mesa e eu a peguei, o vinho em minha mente certamente deixava o contato mais fácil, mas mantive a postura enquanto ela analisava meu vestido e nosso estilo diverso.

— É você com quem ele passa horas no telefone quando está com a gente... 

Um longo respiro de alívio saiu do meu peito, era eu. E ele sempre me ligava para dizer onde estava, perguntar como tinha sido meu dia, ainda que estivesse no trabalho ou entre amigos, ainda que eu insistisse infinitamente que ele deveria desligar.

Ele me ligava do meio da rua quando via uma borboleta, me ligava quando o pneu da bicicleta furava, mesmo que eu estivesse à quilômetros de distância e quando desligava, ele mantinha a troca de mensagens até voltar para casa. 

— Sou eu. - confirmei aliviada e um pouco orgulhosa, os olhos tenros e meio confusos de Namjoon me acharam.

— Desculpe... você pode falar com meu produtor um minuto? Eu faço companhia para a Ha-eun... é um minuto só... ele quer muito falar com você sobre seu novo álbum... - ela era insistente, mas não era rude, parecia precisar dele.

— Eu não... é que hoje... eu nem trouxe meu celular. - Namjoon tentava se explicar com pressa.

Ao vivo e a cores o homem que dizia sempre a coisa certa e estava lá por todo mundo não conseguiu dizer não, e depois de um dia sendo pressionada por três mulheres obstinadas eu o entendia um pouco mais.

— Tudo bem, Nam... - concordei, o dando um pouco de apoio.

— É um segundinho, prometo não a deixar só. - So Yoon sorriu tanto para mim quanto para ele e se colocou no lugar de Namjoon logo ao meu lado, ele se esfregou na parede, apertado, tentando não encostar no corpo dela enquanto saía de perto da mesa.

— Me perdoe... - ainda assim veio até mim e beijou meus cabelos antes de sumir pelo restaurante. 

Eu ouvia risadas e o seu nome artístico sendo dito em todos os lugares, de repente meu encontro íntimo e perfeito tinha virado a festa de aniversário surpresa do grande RM, o príncipe de todos, e para piorar eu estava na situação mais complicada que uma mulher pode se encontrar: ao lado de sua ex, em uma mesa apertada.

— Ele gosta muito de você sabia? 

— É... as pessoas costumam me dizer isso.

Ele olhou para mim uma vez ao longe, provavelmente tentando julgar minha expressão na conversa com So-Yoon, no giro de seu corpo esbarrou em um garçom e a taça veio ao chão, as pessoas ao redor riram dele, e ele sorriu meio envergonhado.

— Você deve saber que eu e ele... bom... eu não dei conta dele. 

A fala específica dela chamou minha atenção e eu tirei os olhos de Namjoon e a encarei de frente, fiz questão de puxar minha cadeira para o lado, só para que não ficássemos tão próximas. Agora fazia calor, não sei se pela bebida, ou pelo assunto em que estávamos, e ela me aguardou arrumar meus cabelos por cima do decote da roupa, observando meus seios.

— Precisa ter uma cabeça muito centrada para entender e aceitar essa vida que ele tem... - a fala remetia à uma frustração profunda e eu tive um pouco de pena da mulher à minha frente, vestida de preto dos pés a cabeça, porém sorridente. 

— Não é mais fácil para você? - eu mantive a conversa, mas sem aprofundar detalhes, as pessoas tendiam a se abrir quando você demonstra interesse. 

— Não, claro que não... conciliar meu trabalho e meus horários com os dele era impossível, além disso ele tem uma mente caótica, pensa milhares de coisas ao mesmo tempo, lida com os problemas de todo mundo e mais os dele... e de repente... - ela suspirou. — Joga tudo pro alto, se livra de tudo.

Enjoar das coisas e se livrar delas. O universo me dava um alerta?

Eu bebi o vinho todo da taça e eu mesma a enchi outra vez. Era bem óbvio que existia um sentimento dela para com ele, que não tinha sido correspondido. Ele olhou para mim de novo mas alguém o segurou pelo braço.

— Mas dizem que existe sempre uma mente quieta para cada mente inquieta nessa terra, e acho que é você a mente quieta dele... - ela sorriu. — Ele fala de você o tempo todo, em todo lugar... eu quase me apaixonei por você também. - gargalhou.

Meu corpo se acalmou e eu entendi. Ele tinha conversado comigo sobre Choi, sobre como tentava se aproximar corretamente das pessoas, mesmo aquelas que ele não tinha conseguido agradar e satisfazer. Ele não era um diplomata, era um ser humano tentando ser, pelo menos na maior parte do tempo, bom.

— Obrigada por continuar amiga dele. - agradeci por algo que não era minha função.

— Viu? Uma mente quieta e tranquila. 

— Então... me desculpe, linda. - nem piscou ao me elogiar na frente da amiga, mas eu corei. — Eu já pedi a sobremesa e em breve podemos ir... a gente se vê no estúdio? - ele se dirigiu a So Yoon no final.

— Sim. Foi um prazer conhecê-la... - ela me cumprimentou novamente e eu fiz o mesmo.

Namjoon olhou para mim e depois para a distância que nossas cadeiras se encontravam, longe o suficiente para que ele nem conseguisse colocar o braço ao redor do meu ombro, quanto mais encostar nossas pernas. Eu balancei a cabeça negativamente com firmeza, impedindo que ele causasse um desastre, e ele aceitou a ordem.

— Eu prometo... prometo compensar na nossa cama... - disse, juntando as mãos grandes ao redor do próprio peito.

— Ela ainda gosta de você. - afirmei, tomando a última taça do bom vinho na mesa.

— Eu sei... - ele foi te reticente.

— Acho que vou ter que me acostumar que todo mundo precisa de você... como você aceitou me encontrar quando eu quisesse, com todos os seus compromissos? - eu relembrei nossa primeira negociação, assim que nos conhecemos. 

A sobremesa foi servida enquanto ele pensava na resposta, eu não reparei na comida, olhava diretamente para ele esperando uma explicação.

— Naquela época eu larguei todos os meus compromissos só para ir ao seu encontro quando você me chamava... simplesmente eu achei que era a coisa certa. 

Eu sorri em resposta e ele apontou para o prato em cima da mesa. Pensei que quanto mais rápido eu comesse mais rápido sairíamos daquela festa de aniversário mal planejada e ficaríamos sozinhos, eu queria amá-lo a noite inteira, queria que ele deixasse as mil responsabilidades que ele acumulava para ser só ele mesmo, mas eu não notei que não era uma sobremesa no prato, era uma caixinha azul de veludo, onde a colher bateu e voltou me despertando.

— Abre.

Ah, não.

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