Capitulo 12 - James Bennette

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Às vezes eu consigo ver o tempo passando por mim. Como se tudo a minha volta ficasse em câmera lenta e eu pudesse observar cada detalhe do momento, como um pingo de chuva caindo ou um pássaro sobrevoando as árvores. Outras vezes eu consigo sentir a vida passando tão rápido que ao piscar os meus olhos já é o amanhã, semana que vem, ano que vem, ou o pior dia da minha vida. Ontem, eu tive essas duas sensações impactantes. Primeiro foi a declaração do Harry, tudo ficou pausado e eu pude ver a felicidade entrando na minha vida sem permissão e nem aviso de quando iria embora. De repente, era como se eu quisesse sorrir de orelha a orelha, mesmo que eu estivesse evitando o máximo não me entregar para Harry, eu conseguia ouvir perfeitamente cada batida acelerada do meu coração. Mas logo em seguida minha vida foi do céu para o inferno, do dia para a noite, do amor para o ódio, do presente para o passado, como se eu estivesse andando para trás ao invés de ir para frente. Todas as informações martelavam em minha cabeça como se realmente tivesse alguém batendo em mim com um martelo. Tudo doía, cada centímetro do meu corpo fazia questão de me lembrar de cada acontecimento de ontem à tarde.

"- James, foi ele quem matou Lucy, - começou a chorar desesperadamente. – Ele quem matou sua mãe."

Essa frase ecoava como desespero em minha mente, e a cada segundo que se passava ela parecia vir com mais impacto, forte, como uma bomba que a qualquer momento poderia explodir dentro de mim, era essa a forma como eu me sentia. Nada estava claro pra mim, absolutamente nada fazia sentindo. James havia matado Lucy? Ele havia realmente feito isso? Por que era tão difícil de acreditar? Ele sempre dizia que nós éramos as pessoas mais importantes, mulheres da vida dele, que nada fazia sentido se não estivéssemos juntos. E veja bem, não faz! Eu não acreditava, por Deus, eu não acreditava uma palavra sequer do que John havia dito, era mentira, eu sabia que sim. Tinha que ser mentira. Mas ele não me deixou vê-lo, disse que ainda não era a hora, que eu não estava pronta para ouvir as respostas das perguntas que eu tenho comigo há três anos. Como assim eu não estou pronta? Eu vivi todo esse tempo sem saber se meu pai poderia estar vivo ou não, com uma única esperança de que eu pudesse vê-lo novamente. E agora eu era a prisioneira, não podia sair de casa para lugar algum a não ser a escola ou falar com a Mariah, tinha essa ordem até que John determinasse que eu estivesse pronta, como se fosse algo que ele saberia. Tranquei-me em meu quarto desde que voltei para casa, sentada na mesma posição fetal em minha cama, olhando a janela aberta, vendo a neve caindo sem piedade e sentindo minhas lágrimas descerem contra a minha vontade. Eu não sabia o que pensar ou imaginar, mas eu sabia que eu estava ansiando o momento em que eu pudesse correr para os braços de James e confirmar o que eu já sabia. Ele não havia matado a minha mãe.

- Brooklyn... – Havia meia hora em que Nana estava batendo na porta, mesmo que eu quisesse respondê-la, eu estava estática de mais para isso. – Por mais quanto tempo vai ficar nesse quarto?

Tentei rolar meus olhos, mas eles estavam tão ardentes e inflexíveis, eu havia chorado tanto essa noite que não seria surpresa se tivéssemos um dilúvio em meu quarto. Senti a minha respiração pesada sair por minhas narinas infladas.

"Quando eu vou poder ver o meu pai?"
Pensei comigo sentindo uma raiva crescente em mim.

- Você não está com fome? Sede? Eu preparei...

- Não, obrigada! – Consegui me ouvir falar. Tive que cortá-la no mesmo instante, eu estava morrendo de fome e saber o que estava cheirando tão bem não ajudaria em nada. Também consegui ouvir a respiração de alívio dela, talvez por saber que eu não estava desmaiada ou algo do tipo.

- Eu posso ouvir seu estômago roncar. – seu tom era de preocupação. – Também consigo ouvi sua respiração de desespero. Você sabe que pode conversar comigo sobre o que quiser, eu sempre vou querer o seu bem em primeiro lugar. Por tanto, me deixe entrar e me deixe cuidar de você.

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