Capítulo 03 - Bem e o Mal

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A chuva caía sem parar pelas ruas de Manhattan o que fazia com a minha vontade de sair do quarto fosse nula. Ainda estava um pouco transtornada pelo pesadelo que tive há algumas semanas e que veio a se repetir por mais algumas noites. As noites de sono perdidas estavam atrapalhando o meu desempenho escolar o que estava me deixando muito irritada. Espreguicei-me e bocejei lentamente, sabia que estava atrasada para o colégio, mas eu não me importava. Depois de relutar bastante eu decidi me levantar e andar até a sacada, abri um lado da cortina e fiquei olhando a chuva cair maravilhosamente do lado de fora.

- Está atrasada. - Nana entrou no quarto colocando uma bandeja com comida em cima da cama. - Fiz o seu favorito. - Disse ao adentrar o meu closet e com certeza ela estava atrás do meu uniforme. Sorri pra ela e me sentei na cama me deliciando com meu suco de laranja, ela voltou na mesma hora que o John adentrou o quarto.

- Ainda não levantou?

Se escorou na penteadeira pegando uma de minhas fotos com Lucy. Ele sempre olhava aquela foto.

- Vocês não estão vendo toda aquela água caindo do céu? - apontei para fora. - É um sinal claro de que devo ficar na cama o dia inteiro. Aliás, você deveria dar folga para Nana.

- Só por que no meus dias de folgas eu gosto de curtir ao ar livre? - Nana disse com tom de deboche. - Você é muito boa para mim.

- Desde quando você acredita em sinais? - John largou o porta retrato e se sentou na cama. - Todos estamos cientes do seu ceticismo.

- É... - dei uma pausa para mastigar e engolir os meus waffles. - Mas eu adoraria saber quem coloca a água dentro do côco.

John rolou os olhos ao ouvir a minha piada.

- Ou como vivemos em uma bola flutuante. - Nana disse baixinho enquanto guardava algumas roupas e eu concordei com ela.

- É um ótimo tema para o seu trabalho anual, o que acha? - John se levantou da cama e eu dei uma risada ao me levantar também.

- Se a Trinity descobrir que eu tenho dúvidas sobre a existência de um ser supremo eles me expulsam e alegam que foi por justa causa. - me arrastei até o banheiro. - Vou tomar um banho.

- Espera aí. - ele me olhou cauteloso. - Você tem dúvidas se existe um Deus ou não?

O encarei processando aquela pergunta.

- Eu... Eu não sei. Às vezes eu tenho certeza de que ele não existe, mas ás vezes eu me pergunto se não seria mais fácil acreditar nisso para ter uma desculpa por tudo que aconteceu com os meus pais.

Ele concordou em silêncio ainda me encarando.

- Estou tentando entender se é um fato ou se é só a minha teimosia.

Ele deu um sorriso simples e andou até mim me dando um abraço apertado.

- Talvez ainda aja esperança para você.





- Não olha agora, mas o seu gato não paro de olhar para você.

Encarei Emma tentando processar aquela frase: "Não olha agora." Mas eu precisava olhar. Me encolhi na cadeira do refeitório e olhei por cima do ombro. Era Josh e ele realmente me olhava.

- Ele não é meu gato. - me apressei em dizer.

- Só porque você não quer.

- Ele é meu amigo.

- E qual é o problema nisso? Vocês podem sair e ainda continuarem amigos, da certo para muitas pessoas.

- Tipo você e o Nathan? - ela abriu a boca para me responder, mas resolveu ficar quieta. Emma e Nathan haviam tido uma espécie de "romance de verão", mas como todo mundo está careca de saber, Nathan não quer e nem está preparado para algo sério, o que acabou abalando um pouco a amizade dos dois e deixando um clima entre eles toda vez que nos reuníamos.

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