Capítulo 3

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Segundo dia 

Luan

Acordo inesperadamente às 5h00 da manhã, suado, com sede, o quarto está muito abafado. Involuntariamente, olho para o colchão no chão, onde Clara e Caio deveriam estar dormindo esta noite. Preferi não compartilhar o colchão com o Caio; Clara cedeu sua cama para mim. No entanto, o colchão está vazio, onde eles estão? Felipe está na cama de cima, daqui de baixo consigo ver o seu pé para fora do beliche. Penélope e Rauel também estão dormindo. Me levanto devagar e saio do quarto. Preciso de um copo d'água.

Nos dormitórios, os bebedouros ficam no andar de baixo, próximo dos banheiros. Tudo está em silêncio absoluto, o que parece até estranho, considerando o sufocante barulho que é feito durante o dia. Lá fora, o sol já começa a dar seus primeiros sinais de vida, tingindo o azul escuro da noite com pontos de luz.

Enquanto bebo minha água, percebo uma silhueta se movendo do lado de fora. Corro até a janela, e vejo a Clara... e o Caio. Clara entrega uma xícara na mão de Caio, que está à beira da piscina com os pés para dentro d'água. Caio pega o copo e o leva à boca imediatamente.

 Observo de longe enquanto Clara se senta ao lado de Caio, próximo demais para meu gosto, e apoia a cabeça em seu ombro e lá permanece. Tento controlar o impulso de ir até lá.

- Luan... – Me assusto, quase derrubo o copo que carrego comigo. Olho para trás e vejo Felipe no pé da escada, de pijama, sonolento, coçando os olhos. – O que você tá fazendo?

- Nada, só vim beber água. – Respondo, levantando o copo como prova. Sinto uma leve irritação, mas Felipe tem sido um bom amigo. Não é justo sentir isso relação a ele.

- Ah, eu vi você saindo, achei que tivesse acontecido alguma coisa.

 - Não, não... – Olho de volta para onde Caio e Clara estão. Eles levantaram e estão vindo em nossa direção. Merda. Deixo o copo próximo dos bebedouros e subo de volta para o quarto com o Felipe o mais rápido que consigo.

No quarto, Felipe adormece assim que se deita, já eu permaneço deitado com os olhos fixados na grade de madeira da cama de cima, esperando por Caio e Clara, que não demoram a aparecer. Eles se deitam no colchão, exatamente como Caio e eu nos deitamos na noite de estreia, cada um de um lado. Finjo estar dormindo, não me mexo e mal respiro, tudo para não chamar atenção.

- Obrigado, Clara. – Caio sussurra.

- De nada. – Clara responde, também sussurrando.

O que está acontecendo entre eles? Uma ideia faz meu corpo gelar: sou definitivamente gay, mas Caio nunca me confirmou sua orientação sexual. Será que ele é bissexual? Será que ele está interessado na Clara? Meu Deus, só pode ser coisa da minha cabeça. Fico remoendo isso dentro de mim até pegar no sono novamente, um sono pesado e inconstante.


Hoje a casa está mais agitada que o normal. É dia de festa e todos estão animadíssimos. Desde cedo, pessoas passam para lá e para cá carregando engradados de bebidas, de comidas e com ornamentações. Mas antes disso, depois que nos levantamos e tomamos café da manhã, Carlinhos nos avisou que haveria uma dinâmica na casa: futebol de sabão.

Um brinquedo inflável enorme está sendo erguido no meio do pátio, enquanto o sol está brilhando no céu como nunca. O calor é intenso, tornando o dia perfeito para essa atividade. A galera se aproxima curiosa, gravam alguns stories para seus perfis pessoais e logo se afastam. Quando está tudo finalmente organizado, Carlinhos convoca todo mundo. E então a gritaria começa, qualquer tempo de tela pelo celular de Carlinhos Maia significa maior possibilidade de ganhar seguidores. 

Uma história de Caio e LuanOnde histórias criam vida. Descubra agora