Há tempos atrás eu disse que talvez "Cela" pudesse virar uma fanfic completa, de tão legal que foi escrever essa one. Bom, esse momento chegou, eu estou cheia de ideias e com vontade de escrever novamente. Espero que gostem!
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São Paulo, no início...
A expressão se tornava carregada, os olhos se fechavam e ela comprimia seus lábios. Tudo o que havia planejado tão bem estava indo por água abaixo. "Mulherzinha foda!" Que merda ela estava fazendo ali? Como havia descoberto em tão pouco tempo?
Os braços eram colocados para trás enquanto Verônica escutava o som metálico em um click das algemas sendo fechadas. A delegada fizera questão de apertar mais que o necessário, a puxando minimamente para trás com um sorriso imponente em seus lábios pintados de vermelho. Mais que muito competente, Anita Berlinger era uma das mulheres mais bonitas que os olhos de Verônica já haviam visto.
Em meio as luzes azuis e vermelhas, os três carros permaneciam ligados enquanto a mulher de fios castanhos revirava os olhos, porque todo aquele show? Enquanto caminhava por pura obrigação, a mulher fazia questão de conduzi-la até a parte traseira do grande carro, como quem tinha poder nas mãos e gostava muito de exerce-lo. Era a terceira vez em sete meses, Torres estava cansada e Anita... Anita amava o jogo de gato e rato que havia se instalado silenciosamente. Ao fazer a jornalista se sentar no banco de trás, ela subira o rosto, como quem a mandava colocar as pernas para dentro.
────Terceira vez já, jornalista! Acho que você acabou de ganhar um upgrade, vai no conforto do meu carro... Aproveita o ar condicionado, você vai passar bastante calor essa noite se depender de mim. ────Os olhos castanhos a fitavam enquanto ela engolia seco. Por Deus como detestava aquela mulher.
A porta fora fechada e assim, em cima dos saltos de suas botas, Anita caminhara dando a volta no veículo, assumindo a parte da frente. Estavam sozinhas ali, e a única coisa que impedia o silêncio completo era o barulho mínimo do ar que saia pelas frestas do veículo. Logo, ela dera partida, saindo dali ao girar o volante com apenas uma das mãos, sendo seguida pelos outros três carros enquanto uma chuva fina começava a banhar a cidade. A jornalista revirara os olhos, balançando negativamente a cabeça enquanto sentia as algemas geladas incomodarem cada vez mais.
────Incômodo né? ────Os olhos azuis a fitavam pelo espelho do carro, a vendo se movimentar com os braços para trás. ────Experimenta não ficar xeretando onde não deve... Principalmente em cena de crime! Ai você não vai ter que usar as minhas pulseiras de prata preferidas. ────Era possível, ainda que com pouca luz, ver o sorriso no canto de seus lábios.
O caminho de volta a delagacia fora totalmente silencioso, enquanto Berlinger prestava atenção nas ruas, Verônica pensava em como faria para escapar de dormir um noite péssima na cadeia. Seus chefes não faziam ideia de suas peripécias e por tal, nunca aceitariam ir tira-la da delegacia as tantas da madrugada. Prata não era um opção, ela precisaria pagar fiança e o homem não estava na cidade. Sobrava Glória... Ela dera uma risada sem som, como ligaria para sua ex namorada, também polícial, no meio da madrugada depois de quase um ano sem se falarem? Verônica Torres estava fodida!
Assim que o enorme carro preto estacionara na segurança da DHPP, Anita saira dele como uma rainha, sendo possível ouvir seus passos ecoarem pelo estacionamento quase vazio, salvo alguns poucos carros e motos. A porta de trás fora aberta de uma só vez, fazendo a mulher lhe olhar do interior do veículo com um sorriso irônico.
────Terceiro encontro, delagada... Acho que estava merecendo que abrisse a porta para mim. ────Berlinger meneara a cabeça, sorrindo forçadamente.
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Linhas cruzadas
FanfictionVerônica Torres poderia ser descrita como a personificação de perigo eminente pela boca de Anita Berlinger, a delegada titular do departamento de homicídios de São Paulo. Em meio a uma relação cheia de nuances e tons, Verônica Torres se aventura uma...