Estou no meu modo automático ativado, treinei isso por muito tempo e hoje flui de forma natural e raramente as pessoas percebem. Finjo prestar atenção no que estão falando, respondo com levantar de sobrancelha, ou com um sorriso, hora ou outra rabisco algo abstrato na minha agenda, e quem olha de fora, deve pensar o quanto concentrada na reunião eu estou. Mas minha cabeça está bem longe dessa sala. Foram dias incríveis de verdade e aquele medo de não dar conta de cuidar de 13 caras extremamente lindos e atraentes, hoje me faz sorrir a cada besteira que eu lembro que saiu da boca de um deles. Pensando bem, quem me deu mais trabalho foi a senhorita Kate. Das duas vezes que ela encontrou "coincidentemente" com a gente, e meio sem querer esbarrou quase caindo no colo do Choi apenas para falar a única palavra em coreano que ela fez questão de treinar até sair de forma mais natural possível:
Kate - mianhae - a cara de pau dela me comove.
E se eu não a arrastasse dali com a velocidade que fiz, no outro dia estaria estampado nas mídias, o novo rolo do integrante da banda, e assim todos meus planos de conseguir um emprego fixo iria por água abaixo, quem iria contratar uma tradutora que empurra as amigas no colo dos Ídols?
Min-gyu - você concorda Sn? - puta merda, viajei demais e agora estão todos de olhos fitados em mim, esperando uma resposta de uma pergunta que eu não faço a mínima ideia de qual foi.
Sn - me perdoem, eu me distrai por um momento - era melhor parecer sincera do que inventar algo que não seria nada a ver.
Choi - estávamos comentando que você se saiu muito bem nesses dias, e preferimos alguém que já tenha trabalhado com a gente antes quando voltássemos para a América.
Sn - ah sim claro, seria uma honra, com toda certeza - isso já era uma vitória e tanto.
Min-gyu - infelizmente não temos nenhuma agenda marcada pelo próximo ano, mas não vamos esquecer de você loirinha - loirinha? Quem ensinou essa palavra pra ele meu pai amado? E por que ele piscou e sorriu junto desse jeito? Eu acho que nunca vou me acostumar de quanto eles parecem desenhados pelo melhor pintor do mundo, com essa pele extremamente aveludada e sem manchas.
Sn – ficarei aguardando para quando precisarem novamente de mim, estarei aqui nesse mesmo endereço - na verdade eu ficaria bem feliz em ser contratada nesse exato momento, tenho uma boa grana para passar as próximas semanas, mas eu conheço bem a situação quando ela acabar, voltarei para meus bicos, brechós e procura por emprego.
Xx – então assim finalizamos nossa reunião para liberarmos vocês de volta a Coreia – houve soquinhos na mesa, alguns suspiros de missão cumprida, gargalhadas... e que louco, eu sentia um vazio estranho no meu peito.
Aos poucos foram saindo da sala, eu fiquei arrumando minhas coisas, me atentando a não esquecer nada ali, porque provavelmente seria jogado no lixo, e não seria convidada a voltar na empresa apenas para buscar uma caneta ne?! De repente a luz se apagou, me assustei e em uma algazarra muito forte, os meninos entraram de novo na sala com, pelo que parece, bolo na mão, gritando e cantando alguma música que não consegui entender, fui tirada no chão e rodopiada no ar pelo Ming-yu, enquanto ele gritava meu nome me fazendo rir com muita vontade. Me abraçou superforte.
Ming-yu – Sn, eu falo por mim e por todos os meninos, vamos sentir muito sua falta – depositaram o bolo em cima da mesa, com as faíscas da vela chegando ao fim, só assim eu pude perceber a decoração no topo.
Sn – mas o que é isso aqui? – era um desenho de um dj e com a escrita "Jay Park não é nome de coreano" – eu não acredito que vocês não esqueceram isso.
Hoshi – a gente nunca vai esquecer e trate de arrumar um namorado com um nome descente dessa vez, se não a gente não aprova.
Eu estou realmente feliz nesse momento, me senti útil, saber que fiz bem o meu trabalho, que sempre me cobrei tanto, que todos vão voltar inteiros para casa, minha cabeça estava dando volta querendo falar algumas palavras para eles, mas não saía nada. Woozi se aproximou com as mãos para trás, segurando algo.