prólogo.

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vinte de janeiro de 2019.

📍 Itapevi, São Paulo.

Os becos pareciam milimetricamente mais longos e a casa de Thiago parecia estar cada vez mais longe

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Os becos pareciam milimetricamente mais longos e a casa de Thiago parecia estar cada vez mais longe. Meu peito apertou mais porque eu havia ensaiado isso tantas vezes e eu ainda assim, não sairia como eu esperava.

Não que eu não tivesse coragem de contar, mas porque a reação dele me doeria mais. Doeria ter que acabar com tudo. Porque eu precisaria priorizar a mim ao menos uma vez.

Pisei os pés no bloco do Thiago e então respirei fundo, criando coragem para então andar até o seu apartamento e bater em sua porta.

Ele abriu com um sorrisão no rosto ao me ver e a única reação que tive foi tentar retribuir o sorriso minimamente.

—— Entra, vida. O que ‘queria falar de tão importante? — Ele me pergunta, mas segue andando até seu quarto e eu sigo ele enquanto fico calada, pedindo forças a Deus mentalmente pra que me dê forças pra continuar o que eu comecei.

Quando eu entro no quarto, vejo que ele se esparramar na cama e me deito ao seu lado, ficando cara–a–cara com ele.

—— Lembra quando eu te falei que eu tava tentando vestibular pra algumas faculdades? — Pergunto, vendo ele balançar a cabeça positivamente. —— Então, eu passei! — Digo, dando um sorriso para ele que me abraça forte e me deseja vários parabéns, enquanto distribui beijinhos pelo meu rosto.

—— Por que você não tá feliz, vida? — Ele me pergunta, franzindo o cenho.

E é aqui que eu junto até o último resquício de coragem, porque a minha garganta arranha e as lágrimas que se formam nos meus olhos ousam escorrer pelo meu rosto e eu fungo para que isso não aconteça.

—— Passei no curso que eu queria, mas fui aceita na UFRJ. — Digo de uma vez, vendo ele franzir o cenho de novo. —— É no Rio de Janeiro.

—— Ah, vida. Se preocupa não, a gente dá um jeito nisso. — O otimismo dele lidando com o assunto me dá uma ponta de entusiasmo e esperança que eu não tinha me permitido sentir ainda. E nem gostaria.

—— Não, Tico. Isso não vai dar certo. — Eu digo, vendo a expressão dele mudar, e ele travar o maxilar na mesma hora.

—— Isso é o nosso relacionamento. Nós dois.  — Ele está puto de raiva, consigo sentir em sua voz por mais que ele ainda mantenha o tom de voz calmo.

—— Thiago, você sabe que nem nos nossos melhores sonhos um relacionamento a distância não daria certo. É muito o que aguentar. É muito o que ajustar. — Eu digo, já deixando que todas as lágrimas que eu segurei, corressem pelo meu rosto sem querer eu me preocupasse.

—— Você tá sendo uma covarde. Não tá tentando fazer nem o mínimo de esforço, mano. — Ele suspira e passa a mão pelos cabelos, bagunçando os mínimos cachinhos que aparecem por alí. —— Mas se é isso que você quer, que você seja feliz. Que você encontre o que tanto procura.

Vida • Thiago Veigh.Onde histórias criam vida. Descubra agora