Voyage à trois • {taeyoonseok}

19 | Aquele em que Yoongi é paciente, até demais

Min Yoongi odiava ter que cuidar de pessoas bêbadas.

E não que fosse um exemplo de sociabilidade — ah, ele definitivamente não era —, mas costumava ter alguns amigos (Kim Namjoon) com quem saía para beber e, como nunca foi de gostar de porre, era sempre o cara sóbrio e mesmo que responsável de uma forma não-voluntária, cuidava de todo mundo (bom, só de Namjoon, mesmo).

Kim Namjoon era seu melhor amigo de infância, mas não que o cara fizesse questão de ser presente em sua vida. Na verdade, por mais que a amizade continuasse, Namjoon era uma constância que gostava de se manter afastada, mas a vida sempre o levava de volta a Yoongi. Principalmente quando precisava de conselhos. É que não se podia afirmar que Namjoon havia tido uma criação e ele era meio perdido na vida, tinha um jeitão meio solitário de aguentar as maiores barras; contudo, sempre que ele precisasse de Yoongi, o mais velho estaria lá.

A questão era que sempre que saíam juntos para beber, a ordem dos fatos se repetia e tornava todas as vezes tortuosamente iguais. E o acontecimento que o jovem velho Yoongi mais odiava que se repetisse era ter que cuidar de um Namjoon de porre. Veja bem, como todo lascado na vida, Namjoon não sabia beber. E sobrava para Yoongi ter que lidar com 1,81m de pura inutilidade. Porque ele ficava, mesmo, inútil.

A última vez que teve contato com Namjoon, ficou sabendo que após vinte anos lutando contra a própria homossexualidade — ele não era preconceituoso, só não queria admitir que não sentia atração alguma pelas mulheres, por mais que as admirasse de todas as outras formas —, ele havia começado a namorar Kim Seokjin — o mesmo Seokjin que apadrinhara seu Hoseok na faculdade.

Mas tudo isso não vinha ao caso porque, por mais que quisesse se distrair do atual momento — e pensar em Namjoon era sempre algo distante e um tanto melancólico —, Yoongi não conseguiria — e nem deveria, de fato — ignorar pelo mínimo que fosse a situação caótica na qual se encontrava.

E tudo isso porque havia deixado Hoseok e Taehyung beberem.

É claro que desde o princípio, parecia má ideia; e Yoongi notara isso logo quando Hoseok insistiu um pouco mais do que devia para que os levasse a um boteco qualquer e eles pudessem acompanhar Taehyung na primeira vez que este bebia. A ideia não foi má aceita pelo ruivo, e só essa premissa já seria o suficiente para que agora, a situação tivesse chegado àquele ponto.

Yoongi se sentou na sarjeta, já voltando à completa sobriedade — havia dito que beberia um pouco com os meninos e logo pararia para cuidar deles pelo resto da noite. Parte do trabalho, infelizmente, incluía fazer com que Taehyung e Hoseok parassem de beber antes de ficarem daquele jeito meio mais pra lá do que pra cá, e foi exatamente nesta tarefa mais crucial que ele — e não sem custo — falhou deploravelmente. Tirou os óculos escuros do rosto para guardá-los no bolso da blusa e aproveitou para enxugar a testa com a mão, afastando assim do rosto os cabelos úmidos de suor. Com a destra, abriu o último botão da camisa que lhe era possível abrir sem que se sentisse seminu, deixando à mostra os ralos pelos do peito, e soltou um longo suspiro em antecipação à noite e manhã que se seguiriam.

— Vocês gostam de dar trabalho, né — afirmou mais para si mesmo que para seus namorados, já que à sua esquerda, Taehyung ria e girava sem parar num poste como se fizesse pole dance e do outro lado, Hoseok começava a se aproximar com uma expressão de malícia pura.

Álcool poderia causar o afloramento de diversas emoções, desde alegria até excitação sexual. Uma situação como aquela era até comum quando estava com Namjoon, mas nunca esperaria algo assim vindo de seus namorados; ainda por cima com o nível de dificuldade da missão aumentado, porque ele tinha que namorar não um, mas dois doidos. E sim, aparentemente dar trabalho para Yoongi era um dos hobbies deles.