01 | Aquele em que Yoongi propõe a viagem

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Assim que terminou de editar a última foto daquele pug remelento fantasiado de tubarão para o maléfico bel-prazer de sua dona — uma senhora de idade com trágico gosto para roupas e animais, sem contar no sadismo em humilhá-los daquela forma — e enviou os arquivos para a equipe de impressão, Min Yoongi pôde enfim suspirar e gritar um libertador e exasperado 'tô de férias, porra! — ao menos em sua cabeça, já que se ele realmente gritasse, atrairia a atenção de todos os seus companheiros de trabalho.

Yoongi não era o tipo de pessoa que gostava de chamar muita atenção — ele costumava ser o cara quieto do estúdio. Era quieto nas horas de trabalho, nos ensaios e durante todo o tempo que passava editando, era calmo e assertivo ao ouvir os clientes e sugerir ideias e não falava muito — gostava mesmo era de surpreendê-los —, era também silencioso e discreto nas festas e comemorações que seus colegas organizavam e mais calado ainda no grupo de mensagens da empresa, o qual havia silenciado no mesmo dia em que o adicionaram.

Mas quem sabe, se tivesse gritado, desta vez não teria julgamento. Poderiam até rir com ele. Talvez, só desta vez, não fosse olhado com estranheza, pois todo mundo que vendera sua alma para trocar o conforto de seu lar por dez horas por dia naquele estúdio, por maior e mais arejado que pudesse parecer, não suportava mais sequer respirar o ar que circulava ali no ambiente. Ninguém mais aguentava trabalhar, nem mesmo os puxas-saco do chefe — quem diria, não? —, e Yoongi apostava que eles não viam a hora de poder dormir até tarde, passar o dia todo na horizontal e maratonar qualquer coisa sem explícita relevância para o mundo até o dia raiar — comendo muita porcaria —, ainda que seus próprios planos fossem muito diferentes daquilo.

Quanto ao próprio Yoongi, bem, se ele visse mais algum cachorro pulguento fantasiado de qualquer coisa, seria capaz de cometer um crime de ódio contra algum dono. Ele não era, exatamente, o maior fã de cachorros e como tudo que é ruim sempre pode piorar, seu gerente — também conhecido, no sigilo, como o próprio Belzebu; o mesmo demônio que ele, devido a forças maiores, tratava por chefe contra sua vontade — recentemente tinha decidido que a pequena empresa fotografaria também animais de estimação, até mesmo montando photobooks para a felicidade de seus donos alucinados — claro, como se as crianças já não fossem agitadas o suficiente.

Feliz e saltitante, enviou seu trabalho para o colega que produziria o físico e fechou tudo — adeus, Mr. Pumpkins!, espero não me lembrar da sua carinha torta nas férias — desligando seu computador e juntando suas coisas. Só voltaria ao escritório dali a um mês e alguns dias.

Despediu-se do pessoal restante todo sorridente, o que para eles era como se Yoongi tivesse sido abduzido e substituído por uma versão sociável — até mesmo com aquele nojento do Myungsoo, que tinha um prazer quase sadista em vê-lo encrencado com o Belzebu — e finalmente saiu do escritório, indo direto para o elevador ao alcançar o corredor de paredes muito brancas. Decidido, sabia que colocaria seu plano infalível em ação: suas férias seriam nada menos do que absolutamente perfeitas.

Portanto, pegou o celular no bolso e procurou por ele nos contatos. Logo, estava com o aparelho no ouvido e esperando que o mozãozão o atendesse o quanto antes.

Fala, amor.

Só pela voz, Yoongi sabia que Jung Hoseok sorria largo. Daria tudo para poder ver, naquele momento, um dos sorrisos que mais lhe traziam, junto à energia contagiante — era impossível não sorrir junto com Hoseok —, altas doses de esperança, sentimentos incríveis e momentos inesquecíveis. Não pôde evitar imaginar os lábios perfeitos do namorado se abrindo naquele sorriso de coração cheio de dentes que tanto amava, e por muito pouco mesmo, não suspirou como uma pré-adolescente pensando no crush — a diferença é que era correspondido.

Voyage à trois • {taeyoonseok}Onde histórias criam vida. Descubra agora