8|Desentendimento

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Emma

Corro para a aula de psicanálise o mais rápido que posso, acabei me perdendo e errando o prédio. Subo a escadas o mais rápido que eu posso, cadê aquela droga de sala 17?

Finalmente encontro a sala no quarto andar, olho no horário e percebo que estou 17 minutos atrasada... paro em frente à porta e bato levemente nela e abro a mesma adentrando o ambiente cheio.

Deveria olhar para o professor mas meu olhar é atraído para o garoto na última carteira, Christopher o babaca do corredor. Como se ele percebesse meu olhar ele me olha e nossos olhares se encontram, droga! Desvio olhar.

— Parece que temos alguém exclusiva— o professor me olhar — porque acha que pode chegar atrasada na minha aula?

— Me desculpe... isso não vai se repetir.— ele concorda.

— Se você se atrasar novamente não precisa nem comparecer depois do horário.—:eu concordo e me sento na cadeira vazia na parede.

Primeiro dia e já começa assim, ótimo Emma que ótimo.

— Para os atrasados— ele me lança um olhar — iremos fazer uma dinâmica, duas pessoas vem aqui na frente e vão falar o que enxerga de cada uma.— por favor não me chame...— pode vim a atrasada e...— ele olha a sala — Christopher.— Porra... não.— Vamos levantem-se— o velho do caralho senta na cadeira dele e eu me levanto indo a frente, Christopher para ao meu lado.

Olhamos um para o outro, mas eu desvio e mantenho o olhar no chão.

— Vamos comecem— respiro fundo

— Tá legal o que eu enxergo na Emma é que ela é alguém grosseira, superficial e uma aluna que sempre vai chegar atrasada— a sala começa a rir e eu olho para ele séria, minha vontade é de socar a cara dele nesse momento, ele sorri e levanta a sobrancelha como se perguntasse "o que foi?".

— Já chega, todos em silêncio!— o professor me olha e pede pra mim prosseguir.

— Eu...— olho para os olhos dele e decido ser sincera, não vou ser igual ele... eu não sou assim— eu vejo alguém solitário, alguém que reprime seus sentimentos para ninguém saber quando está sofrendo ou pedindo ajuda, eu vejo alguém que tem muito o que falar através de toda essa camada.— não conseguimos desviar o olhar que nos prende.

— É isso que a psicanálise quer nos mostrar...— o professor se levanta da cadeira— podem se sentar nos seus lugares— eu desvio o olhar de Christopher e retomo a realidade, começo a andar até meu lugar mas ele segura meu braço, olho para seu rosto que está a centímetros do meu.

— Se ousar falar isso novamente eu faço da sua vida um inferno— eu solto uma risada irônica— não duvide disso porque eu cumpro o que eu digo.

— Primeiramente, você que começou me chamando de superficial, você nem me conhece e já tirou conclusões— me desvencilho dele— segundo, eu só fiz o que foi pedido pelo professor.

— Você também não me conhece para saber se eu reprimo ou não sentimentos— olho nos olhos dele e me aproximo mais um pouco.

— Se você se abalou é porque eu estou certa.— quando ele vai falar o professor interrompe.

—Querem falar para a sala o que estão discutindo?

— Peço desculpas.— me afasto de Christopher e me sento na minha cadeira, ele vai até a sua mesa junta suas coisas e sai da sala de aula.

Franzo as sobrancelhas, será que fui muito idiota? Fechou os olhos, odeio ele...

Pego meu fone e entro no meu mundo onde ninguém pode me estressar.

I need youOnde histórias criam vida. Descubra agora