"Grávida? Ele não perderam tempo mesmo, hein."
" Eu tenho certeza que isso também era parte do plano detalhadamente organizado pela mãe dela. " Disse Vanessa , em um tom amargurado . Encarou Raquele , esperando sua crítica.
" Pelo que eu ouvi até aqui, eu acredito que a Giovanna não trabalhava , né?" Disse Raquele." Seu diploma era só pra servir de troféu?"
Vanessa assentiu . " As mulheres Lima não trabalhavam. " Respondeu e limpou a garganta. " Eu deveria ir agora , tá ficando tarde."
" Ah ,não ! Ainda não. " Protestou Anny. " Você não pode ir embora sem terminar de contar essa história pra gente."
" Não tem mais muita coisa pra contar. Eu vi ela poucas vezes desde então. "
" Que tal mais café? É descafeinado." Disse Anny.
Vanessa assentiu levemente com a cabeça. " Está bem , eu vou tomar outra xícara."
" Como você conseguiu evitar ela durante todos esses anos?". Perguntou Raquele. " Quer dizer , nas vezes que você voltou pra casa."
" Foram quase cinco anos depois que a minha mãe adoeceu pela primeira vez . Antes , quando eu ia visitar , eu não avisava a ninguém, só aparecia. Eu ficava de uma noite e ia embora na manja seguinte. Nunca via a Giovana ." Disse . " Quando a minha mãe ficou doente , o Marcus já tinha saído do exército e a gente abriu nossa primeira loja uns seis meses antes. A gente se desdobrava então ,pra ficar com ela , levar ela no médico essas coisas."
Anny lhe serviu outra xícara de café . " E você não falou com a Giovanna durante esse tempo ?".
" Não. Eu consegui tirar ela da minha cabeça , eu passei a ocupar a minha mente pra evitar pensar nela. Eu tinha encontros, eu tinha amigos . Mas era quando voltava pra casa que ela ocupava o centro da minha mente."
" Mas você viu ela novamente?".
" Sim. Eu tinha quase vinte e oito anos..."
" Você tá cômoda assim? " Vanessa perguntou para a sua mãe enquanto ajeitava as almofadas embaixo de suas pernas.
" Para de preocupação ." Disse sua mãe. " Eu estou bem. " Vanessa se sentou na cadeira ao seu lado da cama de sua mãe , não conseguindo atender seu pedido , uma vez que tinha sua preocupação estampada no rosto . Tentou disfarçar, mas sua mãe logo lhe deu um sorriso tranquilizador. " Eu não vou morrer ainda , Vanessa . Não precisa ficar assustada assim."
" Você nunca adoeceu antes."
" O câncer é uma coisa que dá medo, não é? Mas os médicos parecem acreditar que podemos superá-lo , então eu tenho que acreditar neles."
Vanessa deixoi escapar um suspiro. " Você voltou a pensar naquilo?".
" Em me aposentar ? Sim."
" E?"
" E você e o Marcus tem razão. Já é hora disso acontecer. Mas , pra onde eu iria? Você tinha dez anos quando a gente se mudou pra cá. Eu sei que não é muito, mas tem sido a nossa casa nos últimos dezoito anos ."
" Eu sei, mamãe. Mas a gente pode achar outra casa pra você. Uma casa bem iluminada e ventilada, com um quintal pequeno. " Olhou ao seu redor . " Sempre me senti como se estivéssemos presas num calabouço aqui."
" É, eu sei. Era por isso que você passava a maior parte do seu tempo no ar livre. " Disse com um sorriso. " Ou lá em cima no quarto da Giovanna."
Vanessa desviou o olhar para o outro lado do quarto, não queria pensar nisso. Giovanna já não era mais parte da sua vida. Isso havia ficado pra trás. Se passaram quase cinco anos completos desde a última vez que se viram , e quase oito desde que dormiram juntas pela última vez. Era assombroso como aqui... na mansão... as lembranças ainda estavam frescas.
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Para todo sempre (Ginessa)
Fiksi RemajaGiovanna e Vanessa se conhecem quando tinham dez anos. Giovanna, filha de pais ricos , e Vanessa , a filha de sua empregada doméstica, se tornaram grandes amigas ,mas ambas sabiam seus lugares na vida. Nunca houve dúvida alguma de que se tornariam m...