8. Você domiu com ele

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Já é domingo de manhã, e pela claridade que entra pela janela eu deduzo que passou da hora do almoço. Ergo a coluna passando as mãos preguiçosas pelo rosto, e enquanto me viro, movo meu rosto e espontaneamente se ergue em direção à porta aberta do meu quarto. É estranho estar sozinho em casa outra vez.

Levanto.

Pulo a etapa do banho e só visto uma roupa que seja confortável, bermuda sarja preta e camisa larga. Lá pela madrugada, quando voltei pra casa, acabei dormindo de toalha, mas agora não sei onde ela foi parar. Andejo descalço livremente pela casa achando vazia, e na cozinha, tomo um café bem forte e doce; de improviso, torradas que por pouco não queimaram.

Travo uma batalha interna para não ir atrás daquela que é provavelmente o motivo da minha estranheza, porque é exatamente isso o que ela quer que eu sinta, mas sinceramente, quem eu estou querendo enganar? Eu me sinto péssimo. É como se um cara gordo tivesse sentado sobre meu peito. Eu não sei que raio de sentimento e desejo são esses por ela, mas eu estou ardendo, tentando não fazer uma autoanálise das coisas que fiz só para não enlouquecer.

Quando o pensamento sobre a gente transando naquele quarto me vem à tona, instantaneamente me vem uma carga de arrependimento junto, e me bate forte. É errado e bom na mesma intensidade; Sakura foi feita para mim. Pensar nela agora só faz eu querer de novo. Tudo se resume a sexo, então? Droga. Não quero estar apaixonado por ela, não, mas a essa altura eu já estou muito fodido para contestar isso. Isso vai dar muito errado quando ela resolver seguir em frente, porque Sakura já virou uma espécie de vício.

Sinto-me encostado na bancada da pia, e o celular vibra no bolso e o pego automaticamente achando ser ela. Entretanto, na tela, aparece o ícone com o rosto de Karin e eu inspiro profundamente inclinado a não atender. Mudo de ideia no último instante, não tinha por que eu ignorar, certo? Passo a mão pela testa esfregando os dedos ao passo que levo o celular até o ouvido.

"Bom dia, meu amor", ela diz com a voz manhosa, sorrio comigo mesmo.

"Bom dia, ruiva... Acordou agora?"

"Hhum... Eu bem pedi pra você ficar comigo de madrugada, poxa, acordei animada aqui." Ela faz uma pausa sugestiva, sua respiração faz um chiado agradável de ouvir.

"Desculpa... Eu não ia conseguir relaxar. Cabeça cheia", explico.

"Eu sei, meu amor, desde que sua irmã chegou na sua casa você não teve sossego. Mas agora tudo vai voltar como era antes, ela já pode cuidar de si mesma."

"Hm. Talvez tenha razão... Mas eu não estou certo. Sakura ainda é responsabilidade minha eu sinto, não tem qualquer motivo pra estar morando sozinha."

"Eu tenho toda razão quando digo: você está preocupado à toa”, ela diz, e posso captar sua desinibição ao telefone. “Sasuke, vou precisar de você agora à tarde, pra receber umas caixas no lugar do meu primo."

"O que houve com ele?" Ela suspira meio estressada.

"Não faço ideia. Naruto simplesmente não liga se vai me deixar na mão. Às vezes eu me arrependo de ter começado esse negócio com a ajuda dele... Se não puder vir, tudo bem, recebo eu mesma."

"Sem problemas, não vou ter nada para fazer mesmo", explico.

"Te recompenso depois...", ela dá um risinho e deixa algo pairar no ar.

"Tu é uma safada. Uma safada muito gostosa."

"Você adora..."

"Hhum. Vejo você daqui a pouco então...", digo, e depois da sua resposta ouço o telefone ficar mudo. Tiro o aparelho do ouvido e então repasso algumas coisas no meu telefone, inconscientemente abrindo o ícone com a foto de Sakura. Bloqueio novamente, aquilo tinha que parar. Pego as chaves da moto sobre a mesinha de centro na sala me dirigindo até a porta.

Pecados inocentes (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora