A Estranha
Quatro horas de sono não era muito, Winter sabia isso, mas só de imaginar o dinheiro que conseguiria com o trabalho de ontem valia pela vontade de ficar na cama mais 5 minutos.
Então ela vestiu a mesma roupa polida e desceu as escadas em direção à cozinha onde já se encontrava toda a família a comer o "pequeno almoço", ou se poderíamos chamar aquilo de uma refeição sequer, comprimentei todos, especialmente a Nara*.
- Sumba. - o que significa bom dia na língua antiga, a língua da Deusa, foi a resposta da sua tia favorita, Mags.
- Podes aumentar o som da TV? - Winter não se admirou do pedido da sua priminha Wanda, afinal de contas a está hora da manhã é que dava os programas infantis nos canais nacionais, que eram de graça, logo os pequenos entretiam-se assim.
Ela aproveitou esse momento para verificar que estava atrasada e a Cass a iria matar e fazer espetinhos com os seus olhos, então apenas pegou numa peça de fruta, como de costume, só que desta vez a Nara reparou e questionou:
- Só comes isso, querida? - Winter já se encontrava na porta de mala posta quando se virou para responder à Nara.
- Para minha infelicidade estou irremediavelmente atrasada, mina'. - e nem esperou por uma resposta para sair porta fora.
" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "
Ao chegar à rua principal, o seu ponto de encontro, Winter deparou-se com uma Cassandra Mirlind, muito, mas mesmo muito, furiosa.
- Para a próxima vou sozinha. - naquela posição nem se notava o facto dela ser 100% humana, apenas o facto de ela ser uma guardiã muito, mas mesmo muito furiosa.
- Desculpa, é só que ontem fui me deitar tarde e atrasei-me um pouco.
- E? - Cass julgou-a pelo canto do olho, enquanto zigaseava pela rua movimentada - Continuas a não poder chegar atrasada, principalmente a um trabalho que me deu tanto trabalho a conseguir.
- Eu sei e estou imensamente grata por isso e eu juro que nunca mais vai acontecer.
Mais uns três olhares julgadores e um suspiro, o que significava que a conversa estava encerrada, permitimdo a Winter introduzir o tema que ela tanto desejava.
- Estive a avaliar o material.
- Chiu, mais baixo. - Cass avaliou a multidão que as rodeava antes de continuar, mais baixo - A que conclusão chegaste?
- Cerca de 150 a 200.
- Total, certo?
- Não, cada. - nesse momento o rosto de Cass iluminou-se, era definitivamente o melhor trabalho da vida delas.
- Isso é muito, vamos ter que ser mais cuidadosas, principalmente quando fores visitar o Osgmar.
- Não acredito que tal seja necessário, afinal de contas quem prestaria atenção a duas miúdas que nem nós?
O silêncio de Cass indicava que ela devia estar a pensar o mesmo que Winter, a sua aparência, roupas velhas, polidas, corpos pequenos e mal desenvolvidos, com ossos marcados devido á desnutrição, ninguém diria que conseguiríamos juntar essa quantia, nem que trabalhassemos a vida inteira, no fim das contas, éramos apenas carne para matadouro a tentar fugir do nosso destino fatal da melhor forma possível, por muito que Winter usasse os seus poderes para esconder a sua miséria dos outros, isso não a fazia desaparecer do dia para a noite, talvez só o Deus Odius, o Deus da sorte, a poderia ajudar.
- Então, - aquela simples palavra fez Winter lembrar-se de que Cass ainda estava com ela, e sair do transe - o Xancer, hum?
- Somos só amigos. - Winter sabia muito bem que nenhum rapaz nesta ilha ou arredores iria querer alguma coisa com uma esquisitoide como ela.
- Sim, porque é muito comum para os amigos comerem-se uns aos outros com os olhos - Cass olhou para ela e bateu as pestanas de forma irónica, Winter adorava a amiga, mas odiava como ela conseguia ser incessante às vezes, principalmente sobre certos temas, como a sua vida amorosa.
- Vai arranjar uma vida amorosa com que te entreteres em vez de pores o nariz na minha. - Winter pronunciou essas palavras com um ligeiro sorriso nos lábios que tentou mascarar falando de forma irónica.
- Para tua infelicidade, minha mais querida amiga, a minha vida nesse sentido não está fácil, as raparigas acham todas que eu quero roubar os seus crushs, quando na verdade só quero roubar os seus corações, e os rapazes estão todos de olhos postos em ti, então fico sem opção para dar um batimento extra para o meu pobre coração. - Winter apenas deixou a amiga seguir o seu monólogo dramático sobre como toda a sua vida amorosa era um desastre, do como se encontravam os seus exs e algumas cusculhices que conseguia a partir do trabalho da sua irmã mais velha Beeh.
Quando Winter menos esperava elas haviam chegado á esquadra o ponto onde elas se separavam e Winter seguia em direção á fábrica, a zona do seu trabalho, então, com muito pesar no seu coração, despediu-se da amiga e depois comprimentou o Xancer, porque no fim do dia ela era uma rapariga solteira que tinha o direito de comprimentar quem ela quisesse.
* Nara - palavra para matriarca da família, a palavra para patriarca é Nero.
" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "'" ' "
A cidade onde Winter se encontrava era Falus, a capital do reino Falfil, na área do outono, o seu nome vem do Deus do tempo, Falus, que segundo a tradição, é o que nos faz envelhecer, sendo o seu irmão gémeo o Deus Fergus, Deus responsável por dar o golpe final em todos os seres que percorriam a ilha.
A capital, ou cidade das máquinas, nome mais apropriado, na minha opinião devido a ser a principal concentração de fábricas numa cidade de toda a ilha, e dizem as más línguas, do arquipélago, mas nem tudo são flores, afinal de contas a maior parte dos trabalhadores são humanos, que recebem uma mijona, trabalham para além das horas ditas por lei e não têm qualquer gênero de férias ou ajuda em caso de acidente, ou seja, são miseráveis, sempre levados á mercê dos Flore, os poderosos da área, muitas famílias tendo dezenas de fábricas, outras centenas, moram na área alta da cidade, longe do cheiro a peixe e rio do porto, o cheiro a fábricas e a poluição da área industrial e o cheiro a pessoas do bairros "habitáveis" e humanizados, onde eu moro com a minha família desde que eu tenho memória, sou órfã, os meus pais morreram quando eu era pequena, então fui morar com a minha família paterna, onde tenho sobrevivido.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Almas Perdidas
FantasyHá muito tempo uma terrível maldição foi lançada, prendendo quatro almas num lup, todos sabem as lendas, as histórias daquelas terras, dos seus deuses, acham que sabem a verdade sobre as quatro almas, mas será tal coisa verdade? Saberão os seus por...