O forjador

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E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela tua palavra hão de crer em mim.

João 17.22



     — Eu não sei o que fazer! — disse o garoto ao homem que estava com a adaga no pescoço do seu grande amor. — Não sou um ferreiro, não posso ajudar.

     — É para hoje? — O som de tiros e a queda das criaturas, com tiros certeiros de da líder dos combatentes na linha de frente, interrompeu a conversa. — Seja rápido! — disparou ela impaciente, como se consertar uma espada magica fosse um trabalho trivial de escola.

     A situação era inexplicável! O quinteto surgiu como estrelas cadentes coloridas do céu, o problema é que essas estrelas caíram sobre ele, e junto a eles, criaturas aterradoras de outros mundos.

     Ele nunca tinha saído do reino, nem sequer saído de sua cidade. Quem diria conhecer mundos, como esses guerreiros cósmicos? Ainda assim, exigiam que consertasse a espada, pois era o único capaz, o filho de uma tecelã.

     Tremeu com a pressão, estava em perigo, seriam devorados pelas criaturas ou mortos pelos invasores? E se não conseguisse consertar a espada, seu amado morreria diante dele, sangrando como um animal abatido, agonizando, enquanto olhava em seus olhos com sua garganta perfurada?

     — Rápido, você tem que fazer isso agora! O que está esperando? Faça, faça logo! — O ameaçador guerreiro disse, este que estava com a lâmina que matinha o refém. Em um só corte, rasgou o ar e o eco de seu brandido acertou uma criatura que se aproximava, jorrando sangue arroxeado, mas ainda vermelho, e dividindo o ser em dois.

     As pessoas gritavam das casas e fugiam da praça, enquanto as criaturas estripavam os mais lentos, os idosos, as crianças e até mesmo os pais que voltavam, tentando proteger os filhos.

     — Faça agora! — rugiu outro com uma égide, enfrentava sozinho um dos maiores seres, que a cada golpe das garras do ser criava faíscas em seu escudo.

     Paulo ficava cada vez mais confuso, cada vez mais assustado.

"Você consegue."

     Era a voz do parceiro. Não era uma lembrança das tantas vezes que o apoiou, ou era das vezes que rugiu isso ao vento e a si próprio, era como se falasse em sua mente. Sentira a grande conexão desde a primeira vez que o viu, o desejo que crescia com cada encontro e o seguia até ali.

     — Eu te amo — sussurrou, sentindo uma dor profunda ao pensar na possibilidade de perdê-lo para sempre.

     O espadachim, o quarto integrante do grupo extraterrestre, matou outra criatura, dividindo sua cabeça ao meio.

     O jovem manteve os olhos fechados, deixando escapar lágrimas. Aqueles poderiam ser seus últimos momentos. Aquela confusão e mortes pareciam o pensamento incoerente e seus erros que o levou à praça para o termino do seu namoro.

     Porém, enquanto se prendia em pensamentos, uma besta maior que todas as outras rugiu dos céus. Colossal, de forma que sua sombra fez parecer que a noite havia chegado, devorando a manhã ensolarada e insuportavelmente quente (uma paródia grotesca do eterno ciclo do dia e da noite que ninguém ali teria tempo de apreciar). O som era inimaginável, como um terremoto engolindo uma montanha.

     — Calisto! — Gritou a quinta combatente que lutava no céu.

     Todos olharam para cima. Naquelas condições, seria impossível enfrentar a maior espécie de besta do Céu sem a espada.

Contos de Terror - Pequenos PesadelosOnde histórias criam vida. Descubra agora