Capítulo 8

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/ Maya /

Sabe aquela sensação de que algo ruim vai acontecer? Pois é, eu estava assim desde o acontecimento da semana passada. Desmaiei, tive aquele sonho estranho e bem, me sinto angustiada.
Era uma coisa que não dá pra explicar, um sentimento ruim, esmagador...
Eu tinha conversado com Quíron sobre isso, mas ele tentava a todo custo me acalmar e mudar de assunto,
até mesmo senhor D quase disse algo, mas foi impedido.

Eu também ando tendo os olhares de Abner sobre mim, ele parece querer dizer algo, mas toda vez desvia o caminho e volta a se fechar com aquele típico ar arrogante de sempre.

Chato do caramba!

– Eu realmente comprovei minha teoria... — eu olho para meu irmão e franzo o cenho.
– Que teoria?
– Você tá diferente — suspiro revirando os olhos e desvio o olhar enquanto caminhamos – É sério, você tá mais calada, anda mais pensativa e distraída do que o normal. Sabe que pode me contar qualquer coisa...
– Eros, não é nada... eu só estava pensando em umas coisas...
– Quer conversar sobre os sonhos?
– Não.
– Certo...

Continuamos andando em silêncio, mas conhecendo Eros, ele não consegue ficar muito tempo calado.
– Ela esta preocupada com você... — Eu o encaro confusa – Nossa mãe...
– Oh, agora ela se preocupa comigo?
– Não use esse tom de sarcasmo, May, você sabe que ela se preocupa com todos os filhos.
– Sim, claro, uma mãe tão preocupada que não se move nem um passo para vir nos ver.
– Você sabe que não é fácil assim...
– É, Eros! É fácil. Por que deuses criam regras para se auto conter? Que sentido tem nisso? — eu estava exausta de toda essa coisa de deuses não poder falar com os filhos, o estresse do dia a dia, meus sonhos, meus momentos com a mente fora da realidade, era tudo tão desgastante.
– Olha, tem coisas muito maiores e que não cabe a mim falar, você não está pronta para saber assim.

– Quem é meu pai?
– O quê? — ele para abruptamente.

Minha pergunta pegou ele de surpresa, sua expressão demonstrava não esperar por aquele questionário.
– Quem é meu pai? — pergunto novamente.
– Maya...
– O quê agora? Vai dizer que ele também é um deus que não quer dar as caras?
– Não, não é isso, é que...
– Qual é a dificuldade de responder uma simples pergunta?

Ele fica pensativo, mandíbula trincada, expressão de quem não queria conversar sobre tal assunto, mas ele suspirou, olhou para o lago e tornou seu olhar para mim.
– Jasper Clifford...  — eu fico surpresa pois não esperava que ele realmente fosse falar, mas aqui está, o nome que saiu de sua boca – Seu pai se chamava Jasper Clifford e era um semideus filho de Poseidon.

Eu sinto um leve arrepio, um embrulhar no estômago, a surpresa era evidente em minha face.
– Meu pai... — eu queria formular alguma frase, queria falar algo, mas estava com os pensamentos bem confusos – Onde ele mora?

– Ele morreu.

Foi como um soco na barriga,  em um momento eu estava com um fio de esperança em relação a isso, e no outro, o fio da esperança se parte.
Meu olhar se volta para o lago e a grama verde que o rodeia, em meu interior estava silencioso mas ao mesmo tempo barulhento.
– Era um bom homem, seria um bom pai, mas não sobreviveu à explosão na fábrica em que trabalhava. Você seria deixada com ele...

Eu sinto uma coisa, um tristeza, eu nunca o conheci, nunca vi seu rosto ou sequer ouvi o som de sua voz, mas ele era meu pai.
A mão Eros se estende e ele enxuga uma lágrima solitária que escorregou pela minha bochecha.
– Eu não queria te deixar triste.
– Está tudo bem... — fungo o nariz e lhe dou um leve sorriso – É que foi um choque...
– Compreendo... bem, tenho que ir, só passei aqui para ver minhas crias e minhas irmãs e irmãos.
– Que atencioso... — brinco rindo baixinho, ele aperta minha bochecha negando com a cabeça.
– Sempre.

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⏰ Última atualização: May 31 ⏰

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