Capítulo 3: Um pouco de autoconhecimento.

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Depois de um bom tempo de caminhada, Merlin e eu decidimos fazer uma pausa. Havíamos finalmente saído da densa floresta e nos encontramos em um campo mais aberto. A quantidade de biomas diferentes que atravessamos era impressionante, e essa floresta parecia se estender infinitamente.

Merlin continuava me ajudando a entender melhor o mundo em que me encontrava. Ela compartilhava tudo o que sabia, e enquanto ela falava, me lembrei das aulas de biologia e história dos meus tempos de escola.

- [Entendeu?] - ela perguntou.

- Acredito que sim - respondi, sem muita confiança.

Ela explicou que humanos têm corações, enquanto monstros possuem núcleos. Esses núcleos são essenciais para a vida deles; sem eles, a morte é certa. Até mesmo os monstros mais poderosos não sobreviveriam se seus núcleos fossem destruídos. No entanto, localizar e atingir esses núcleos pode ser extremamente difícil dependendo do monstro.

No meio dessa explicação, descobri algo inquietante sobre mim mesmo: eu tinha um núcleo. Quando toquei meu peito, não senti um coração batendo. Isso só poderia significar que eu era uma espécie de monstro. A ideia de ver meu próprio núcleo me intrigava, mas eu sabia que tentar isso seria suicídio.

- [E sobre a sua espécie. Você é um metamorfo, logo, você pode mudar a sua aparência a seu prazer.]

Aquilo realmente chamou minha atenção. Ser um metamorfo? Não sabia bem como me sentir a respeito. Não era uma coisa ruim, mas certamente era algo a se acostumar.

- Um metamorfo? Como descobriu isso?

- [Graças à minha habilidade 『Iluminado』. Eu posso receber a informação de tudo que está em meu campo de visão.]

A ideia de receber tanta informação parecia confusa para mim. Imaginar receber tanta informação de uma vez daria uma dor de cabeça em qualquer um, mas Merlin era um espírito, então talvez fosse diferente para ela.

- Você pode fazer isso? É algum tipo de coisa que só espíritos fazem? É bem legal.

- [Não. Todos podem ter poderes assim, até mesmo um humano comum. A Voz te conta quando você recebe sua habilidade. Ela fala com você quando você atinge um certo nível de conhecimento e inteligência.]

- Tipo... Uma notificação de um computador? - murmurei mais para mim mesmo, sabendo que Merlin provavelmente não entenderia a referência.

- [Isso não é do meu tempo, mas deve ser isso mesmo.]

Merlin então começou a me contar tudo que sabia sobre a Voz. Segundo ela, a Voz é uma entidade que concede poderes e habilidades para qualquer ser vivo inteligente o bastante para usá-las. Ela é como a administradora do mundo, onipresente e onisciente. Ela só se comunica com aqueles que possuem o mínimo de conhecimento necessário. A Voz não daria uma habilidade a um bebê, por exemplo.

Fiquei animado com a possibilidade de ganhar algo assim como esse tal 『Iluminado』.

- Então eu posso ganhar uma também? Mesmo não sendo humano?

- [Sim! Monstros normais têm apenas as habilidades de nascença, mas são ótimos produtores e condutores de "mana". Porém, não recebem habilidades por não serem tão inteligentes, com algumas raras exceções. Humanos podem ganhar muitas, mas não possuem tanta mana.]

*Eu nem sei usar minhas habilidades de nascença, será que consigo aprender outras?*

- Será mesmo? Tudo que eu fiz até agora foi contar com meus instintos naturais.

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